Após liberação em SC, maricultores se esforçam para recuperar clientes

Após liberação em SC, maricultores se esforçam para recuperar clientes

Após a liberação completa de todas as áreas de cultivo de moluscos em Santa Catarina, na noite de quarta-feira (20), maricultores do estado fazem uma força-tarefa para potencializar a venda de ostras, mexilhões, vieiras e berbigões. Em Florianópolis, alguns produtores optaram até por oferecer de graça o produto, numa tentativa de reconquistar os consumidores.

Segundo o produtor Vinícius Ramos, da Associação dos Maricultores do Sul da Ilha (Amasi), , no sábado (23) será feito um evento na Barra da Lagoa de degustação gratuita de ostras e espumante.

“Nós estamos ativos desde o dia da liberação, mas muitos consumidores ainda não sabem que já podem comer ostras. É preciso fazer esse tipo de ação para que os clientes voltem. É um trabalho de formiguinha”, disse o produtor.

O evento do sábado será das 12h às 15h no Rancho da Canoa, com a participação de diversos produtores e entrada gratuita.

Demitidos não serão recontratados imediatamente

Com quase dois meses de interdições, muitos produtores optaram por demitir funcionários. Conforme o produtor da Amasi, nos próximos meses a tendência é manter o número reduzido nas equipes.

“Eu tinha nove funcionários. Com a maré vermelha, demitimos três. Vamos ficar com somente esses seis ainda por um bom tempo, enquanto o movimento ainda não cresce”, disse Ramos.

A presidente da Associação de Maricultores e Pescadores Profissionais do Sul da Ilha (Amprosul), Eva Maciel Mendes, diz que ainda não há dinheiro em caixa para recontratações. “A gente ainda não consegue pagar ninguém, mal consegue arcar com os custos diários”, disse a presidente.

Restaurantes estão comprando menos

Com a demanda menor, os restaurantes também deixaram de comprar o produto em grande quantidade. “A gente calcula que, se do Sul da Ilha saíam 5 mil dúzias por mês, atualmente a venda não chega a mil”, disse Ramos.

Eva também confirma a grande perda entre os produtores individuais. “Tem produtor que vendia mensalmente 300 dúzias, agora consegue vender 50. Outros maiores vendiam 500 dúzias, agora não chega a 100”, disse a presidente.

Os dois representantes confirmam que nada foi perdido neste dois meses. “A ostra que é colhida nesta época foi colocada no mar em janeiro. Quanto mais tempo ela fica, mais trabalho o produtor tem de retirar ‘cracas’, mas a ostra segue com potencial de consumo”, disse Eva.

Liberação

A Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca informou na noite desta quarta-feira (20) que todos os mariscos podem ser retirados, comercializados e consumidos em Santa Catarina

A interdição do cultivo de moluscos começou em 23 de maio por causa da presença de algas que liberam uma toxina que pode causar intoxicação alimentar em pessoas que consomem esses frutos do mar. Desde essa data, áreas eram liberadas aos poucos, algumas para todos os moluscos, outras só para ostras.

De acordo com a secretaria, este foi o mais longo e intenso fenômeno de maré vermelha – como é conhecido o conjunto de algas que produzem a toxina – que já afetou litoral de Santa Catarina.

Foram liberadas todas as áreas de cultivo de São Francisco do Sul, no Norte, Penha, Balneário Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas, no Litoral Norte, e Governador Celso Ramos, Biguaçu, São José, capital e Palhoça, na Grande Florianópolis.

A Secretaria afirmou que, para fortalecer a maricultura, foram constituídos dois grupos de trabalho que poderão sugerir melhorias nas normas e a criação de mecanismos para apoio aos maricultores.

“A maré vermelha certamente ocorrerá novamente em algum momento, a maricultura corre esse risco e nós precisamos estabelecer medidas de mitigação de prejuízos, como já acontece com outros setores da agropecuária”, disse o secretário adjunto da Agricultura e da Pesca, Airton Spies.

A secretaria informou não ter balanço dos prejuízos financeiros durante o período de interdição no estado.

(G1 Santa Catarina, 21/07/2016)