Paralisação do transporte é fruto da omissão do Congresso

Paralisação do transporte é fruto da omissão do Congresso

(Por Moacir Pereira, Diário Catarinense, 01/06/2016)

Deplorável, sob todos os títulos, esta nova greve do sistema de transporte coletivo de Florianópolis e da região metropolitana. Prejuízos incalculáveis para milhares de cidadãos que, com consultas marcadas, com compromissos inadiáveis, exames intransferíveis e encargos urgentes, foram atingidos por mais uma abusiva paralisação. Os trabalhadores voltam a transformar os usuários – a esmagadora maioria da população – em reféns de suas reivindicações. Podem até ser justas, mas exigir neste momento 5% de aumento salarial acima dos índices inflacionários é total falta de bom senso. É apostar no caos. O Brasil, todos sabem, vive uma gravíssima crise econômica. Quem garantir hoje o emprego e o reajuste pelos índices da inflação já é mais que um sobrevivente.

Imaginem-se os milhares de microempresários, do pequeno comércio, o profissional liberal ou prestador de serviço. Terão de, religiosamente, pagar os salários de seus empregados até segunda-feira. Já tiveram queda de receita pela crise e, agora, com a situação agravada pela suspensão das vendas. E também pela redução nas receitas públicas. Desgraça mesmo é constatar que a cabeça da cobra está em Brasília. A responsabilidade maior é deste Congresso omisso que, envolvido em falcatruas, manobras políticas e escândalos de corrupção, não regulamentou até hoje o direito de greve nos serviços públicos.

Já se passaram quase 28 anos e não se tem notícia da uma lei indispensável para fixar limites e impedir essas greves abusivas que ferem direitos da maioria e só trazem prejuízos irreparáveis a toda a população.