24 jun O aterro e a responsabilidade da prefeitura
(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 23/06/2016)
O Aterro da Baía Sul é uma espécie de filho enjeitado dos florianopolitanos. Há uma complexa relação entre os moradores e a imensa área que afastou o mar para longe, quebrando a tradicional ligação da região central com a vida marítima – incluindo-se aí o vaivém de barcos de pesca no entorno do Mercado Público. A decisão do Patrimônio da União, de que doravante a prefeitura ficará encarregada de administrar o espaço, é um alento, uma esperança para a cidade. O próprio prefeito Cesar Souza Júnior, ao comemorar a cessão, admitiu que será necessário realizar o planejamento urbano adequado, com o resgate até do projeto original do mítico urbanista Burle Marx. Ótimo. É disso que Florianópolis precisa em relação ao aterro, 40 e tantos anos depois que foi implantado, sem qualquer licença ambiental ou estudo de impacto socioeconômico, já que estávamos no auge da ditadura civil-militar instaurada em 1964. A área precisa ser revitalizada e, mais do que isso, totalmente repaginada. Ao longo de mais de quatro décadas, o aterro foi maltratado, invadido e esculhambado, atitudes que, de certa forma, corresponderam à rejeição local ao monstrengo de areia e, ao mesmo tempo, à incompetência oficial na gestão do espaço.
Tudo a ver
Originalmente, o Aterro da Baía Sul seria um local destinado às vias rápidas de acesso à Ponte Colombo Salles, servindo ainda para a construção de prédios funcionais e residenciais, além de grandes jardins, quadras esportivas (que existiram nos primórdios), praças etc. Esse era o projeto de Burle Marx, adulterado sem dó nem piedade pelas autoridades locais, que permitiram a desumanização da área e sua ocupação como estacionamento de veículos e ônibus.