31 mar Revitalizadas ou adotadas, praças se tornam ponto de encontro de moradores de Florianópolis
(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 31/03/2016)
Os dias ensolarados, as sombras das árvores e os espaços de lazer são um belo convite para a população aproveitar as diversas praças ao ar livre em Florianópolis, muitas delas revitalizadas – a mais recente é a Getúlio Vargas, no Centro. Com dificuldade para manter os espaços públicos em boas condições de uso, a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente) fechou parceria com a Associação FloripAmanhã e, desde 2007, implementou um programa de adoção de praças pela iniciativa privada.
De lá para cá, dos 208 espaços públicos, 107 foram reformados por empresas particulares. “Hoje, temos uma defasagem de pessoas para executar a manutenção das praças como deveria. Temos duas equipes, com cinco pessoas em cada, para dar conta de todas as praças, quando precisaríamos de mais 20 pessoas para botar o serviço em dia”, explica Carolina Amorim, chefe do Departamento de Praças e Arborização Pública da Floram.
No Córrego Grande, a praça da Comunidade foi reformada em 2014 pelas construtoras com empreendimentos no bairro e, desde então, se tornou ponto de encontro de mães e filhos. “É uma extensão do quintal de casa, o pátio comunitário. Venho todos os dias com as minhas duas filhas: a de patas [Molly] e a de verdade, a Olívia”, conta a empresária Daniela Guimarães, 34 anos. “Acabamos de nos conhecer. Nos prédios, a gente acaba não conhecendo os vizinhos, então a praça é legal por causa disso”, completa a paranaense Gabriele Greganini, 25, que veio de Umuarama há dois anos.
Em meados de março, a praça Getúlio Vargas (praça dos Bombeiros) também foi revitalizada, dando novos ares à região central. Além de brinquedos infantis, chafariz, bancos, “cachorródromo” e árvores, o espaço ganhou nova iluminação. “Agora está bem legal, iluminada e segura. Tenho vindo à noite, coisa que não fazia antes. Virou o espaço para os ‘meninos de prédio’ curtirem um pouco da natureza”, diz o estudante Kevin Schwalb, 16.
É também nesta praça que o vendedor de livros José Eduardo Gomes da Silva, 51, trabalha há 17 anos. Para ele, os espaços públicos são os lugares mais importantes de uma cidade. “Como essa aqui é bem antiga, muitas pessoas de idade vêm para cá lembrar o tempo em que namoravam embaixo das árvores ou de quando brincavam por aí. Vir à praça é uma maneira de matar a saudade do passado”, afirma.
Abandono e descaso
No coração da Capital, a praça Tancredo Neves é exemplo negativo da gestão de espaços públicos. Localizada no centro de prédios importantes, como Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Tribunal de Contas do Estado e Fórum de Florianópolis, a praça está abandonada há anos e transformou-se apenas em ponto de passagem.
“Aqui é um espelho da cidade. O espaço deveria ser melhor cuidado”, diz o funcionário público Gilberto Vasconcelos, 50. Atendente do estacionamento do Hospital de Caridade, a poucos metros de distância da praça, Darlan Andrade, 24, lamenta o descaso. “Faz tempo que está abandonada. É uma vergonha”, reclama. “Precisaria de uma boa pintura, mais plantas e menos mato, mais bancos e, quem sabe, uma reforma no antigo chafariz”, completa.
A Floram reconhece que espaço poderia ser recuperado, mas não tem uma previsão de quando isso poderia acontecer. “Precisaria de uma intervenção bem grande, até por conta do chafariz que não funciona. Isso tem um custo alto de manutenção, mas é preciso elaborar um projeto para que a praça fique agradável e aprazível”, diz Carolina Amorim. Em fevereiro do ano passado, a prefeitura anunciou que a praça seria revitalizada, por meio de parcerias financeiras com os órgãos do entorno.
Publicidade indireta
Por meio do programa Adote uma Praça, implantado em 2007 com base na Lei Municipal 2.668/87, qualquer empresa pode adotar um espaço público (praças, canteiros, rótulas, etc.) em Florianópolis. Basta entrar em contato com a FloripAmanhã ou procurar o Pró-Cidadão e aguardar a análise técnica da Floram para a assinatura do termo de adoção.
Feito isso, o retorno para a empresa se dá por meio de publicidade indireta. “A empresa se responsabiliza pela manutenção do espaço e em contrapartida pode instalar duas placas de adoção, caso o local tenha até 5.000 m². De certa forma, é uma publicidade para a empresa, que mostra que ela se preocupa com a cidade”, explica Carolina Amorim.
Outra possibilidade, voltada mais para empreiteiras e construtoras, é a instalação de uma obra de arte em espaços públicos. Para isso, é preciso entrar com um requerimento no Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). “Ao colocar uma obra de arte em um local público, as construtoras podem receber em troca um aumento de 2% no Índice Nacional de Custo da Construção do Mercado”, afirma a chefe do Departamento de Praças e Arborização Pública da Floram.
Espaços públicos: 208
Praças adotadas: 66
Região central: 15
Carvoeira: 1
Córrego Grande: 1
Costeira do Pirajubaé: 1
Itacorubi: 5
Lagoa da Conceição: 4
Canasvieiras: 8
Jurerê: 8
Ingleses e Rio Vermelho: 18
Continente: 5
Outros espaços adotados: 41
Ilha: 34
Continente: 7
Fonte: Floram
Principais regras para adoção de um espaço
– Podem ser adotantes empresas, clubes de serviços ou sociais, associações de bairro, entidades de classe e outras
– Ficará por conta do adotante aquisições, manutenção e equipamentos de lazer
– Toda e qualquer benfeitoria deverá ser analisada e autorizada pela Floram
– Se a área já estiver urbanizada, o adotante fica responsável pela sua conservação e limpeza, incluindo o corte da grama e os equipamentos existentes
– Se a área não estiver urbanizada, o adotante fará os melhoramentos necessários, assumindo a manutenção posterior
– A adoção poderá ser divulgada através de placas instaladas na área verde, de acordo com os padrões fornecidos pela Floram
– Não é permitida a exploração comercial da área verde adotada nem o seu uso privativo. A adoção não pode prejudicar o uso público do local
– É permitida a adoção por mais de uma entidade, formando consórcio
– Não poderá ser utilizada a área adotada para merchandising