ONG fará análise da água escura que espantou banhistas da praia do Campeche, em Florianópolis

ONG fará análise da água escura que espantou banhistas da praia do Campeche, em Florianópolis

Voluntários da ONG Instituto Sea Shepherd Brasil, Núcleo Santa Catarina, farão a coleta da água escura que, na manhã desta quinta-feira corria em direção ao mar na praia do Campeche, em Florianópolis, na altura da Avenida Pequeno Príncipe. O objetivo é atestar que a água está contaminada e por quais tipos de substância, o que justificaria o mau cheiro sentido por quem estava lá para aproveitar a manhã de sol forte.

Neuza de Deus e Silva, 43 anos, trabalha em uma barraca localizada na faixa de areia, bem em frente à Avenida Pequeno Príncipe e diz que nunca tinha visto uma água tão suja correndo direto para o mar.

— Eu trabalho aqui na praia há oito anos e sou moradora do bairro. Este é o primeira vez em que vejo isso desse jeito. Hoje o mau cheiro está insuportável — afirma.

Segundo Neuza, uma vala foi aberta no rio que corre próximo da praia, mas nunca desaguava no mar. Na temporada deste ano, a situação mudou.

— Já faz uns três meses que essa água corre pro mar. Antes, dava para ver que era só água da chuva. Agora não. Agora é bastante água e muito suja — diz.

Ainda segundo Neuza, ela procurou a Intendência da Praia do Campeche em busca de explicações pela abertura da saída para o mar e foi informada de que essa era uma decisão da Defesa Civil.

O universitário Bruno Braga Camargo, 19 anos, estava na praia na manhã desta quinta-feira, e também diz que a abertura para o mar foi feita há cerca de três meses, mas que agora a situação está crítica.

— De vez em quando, o cheiro é insuportável. Dois dias atrás, havia até uma grande manta de gordura nesse riozinho escuro, que chegou a estancar a água. E hoje tinha até fezes passando em direção ao mar — diz.

Simone Boscato, 37 anos, mora desde 1989 no Campeche e participa da Associação dos Moradores do Jardim Eucaliptos (Amoje). Há sete anos ela trabalha num restaurante na Avenida Pequeno Príncipe, próximo à praia, e conta que percebeu a abertura da vala em novembro de 2015:

— Abriu depois de uma forte chuva. Desde então, a situação piora a cada dia. Já recorremos a vários órgãos públicos e nada foi feito, mesmo depois de denunciarmos a situação também para a TV e a imprensa.

Defesa Civil diz que não tem responsabilidade por abertura para o mar

Procurada pela reportagem do Diário catarinense, a Defesa Civil municipal informou não ter notícia de qualquer abertura feita para o mar na região, segundo o chefe de departamento Marcos Roberto Leal.

— Temos um trabalho junto à Intendência relacionado ao entorno da Lagoa da Chica, mas a única providência que estamos pleiteando é desassorear a lagoa. Em nenhum momento se vinculou esse desassoreamento, que nem aconteceu ainda, a uma abertura para o mar — afirmou.

Segundo Leal, a região da lagoa é caracterizada por invasões e a região como um todo, por alagamentos recorrentes.

A Secretaria de Obras da Prefeitura, com informações repassadas pelo intendente do Campeche, Alexsander Dutra dos Passos, afirmou que é responsável somente pela limpeza da vala de drenagem pluvial (serviço feito de acordo com a necessidade, em algumas vezes com auxílio do maquinário da Comcap), e que a fiscalização para possível vazamento de esgoto é de responsabilidade da Vigilância Sanitária.

A reportagem entrou em contato com a Vigilância Sanitária e Ambiental do município, mas por causa dos trabalhos de fiscalização contra focos de dengue, não havia ninguém apto a falar sobre denúncias de esgoto lançado ao mar e fiscalização.

(Diário Catarinense, 25/02/2016)