11 jan Memória de Florianópolis: Ceisa Center já é um clássico da arquitetura
Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (Notícias do Dia Online, 09/01/2016)
Imponente edificação que ocupa um quarteirão inteiro, com três entradas, tem traços que lembram o Copan (SP), de Oscar Niemeyer e o Conjunto Pedregulho, de Affonso Reidy (RJ)
O patrimônio histórico e arquitetônico de Florianópolis não se resume aos clássicos casarões, palacetes e casas do século 19 e início do século 20. A cidade preserva inúmeras edificações posteriores, com características de originalidade, elegância e beleza. É o caso do Ceisa Center, um centro empresarial projetado pelo escritório Liz, Cassol e Monteiro, que começou a ser construído há 40 anos e foi inaugurado em 1978.
Conforme o arquiteto Marcos Antônio Martins, ouvido pela coluna, “aparentemente inspirado no desenho do Edifício Copan de Oscar Niemayer, construído em São Paulo e referência mais conhecida no país, o Ceisa Center segue a linha brutalista da arquitetura, ou seja, utiliza sem qualquer disfarce o estilo do concreto aparente”. Ainda segundo Marcos, é indiscutível também a influência do projeto de Affonso Reidy, na construção do Conjunto Residencial do Pedregulho, no Distrito Federal (hoje Rio de Janeiro), em 1947, que igualmente utilizou linhas curvas em seu design.
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O brutalismo teve em Le Corbusier a sua mais importante referência mundial e ganhou ampla aceitação no Brasil nas décadas de 1960 a 1980, com exemplos que se espalham por Florianópolis: além do Ceisa Center, os prédios da Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, sedes da Celesc no Centro (depois Palácio Santa Catarina) e no Itacorubi, sede do Crea/SC no Itacorubi, Secretaria de Estado da Educação, Biblioteca Pública do Estado, sedes da Telesc (Praça Pereira Oliveira, hoje Banco Safra, e Itacorubi, hoje Oi), Eletrosul (Pantanal), sede da Tractebel, entre outros. A arquiteta Larissa Laus Mattos apresentou amplo estudo sobre esse movimento modernista em sua dissertação de mestrado “Arquitetura institucional em concreto aparente e suas repercussões no espaço urbano de Florianópolis entre 1970 e 1985” (2009).
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“O Ceisa Center é a melhor arquitetura urbana para a cidade. Aquela rua/galeria interna é o máximo”, diz o arquiteto Marcos Antônio Martins, confirmando o caráter inovador da edificação, desde a inauguração, há 37 anos. A beleza da construção é tanta que a administração do condomínio – à frente o síndico Alfred Heilmann – contratou há alguns meses a completa revitalização do concreto aparente, que restaura as características originais. O trabalho está no final, mas é possível observar, pelo que já foi feito, o quanto essa providência era necessária.
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Os números do Ceisa Center são grandiosos. Com três entradas – pelas ruas Vidal Ramos, Deputado Leoberto Leal e Osmar Cunha –, o edifício tem 300 salas, 33 lojas, 230 vagas de garagem. Quase 10 mil pessoas circulam por seu interior todos os dias, confirmando o acerto do projeto original de construção, que era deslocar o eixo comercial do Centro – restrito às ruas históricas – para a Osmar Cunha. A revitalização externa é uma extensão dos trabalhos realizados internamente nos últimos anos, como a implantação de novos pisos, câmeras de vigilância, pintura, banheiros modernos, escadarias com pavimento antiderrapante, entre outras melhorias.
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Em suma, como ainda destaca o arquiteto Marcos Antônio Martins, o Ceisa Center continua sendo um exemplo de modernidade, numa concepção arquitetônica que valorizou a suavidade das linhas, formando um “S” no quarteirão em que foi implantado. Para ele, tais características inserem a edificação no conceito de clássicos da arquitetura brasileira do século 20.
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