Esgoto continua contaminando Canasvieiras pelo leito do rio Isabel, no lado oposto da praia

Esgoto continua contaminando Canasvieiras pelo leito do rio Isabel, no lado oposto da praia

Anunciada como a principal ação emergencial para salvar a temporada de turismo no Norte da Ilha, o fechamento da foz do rio do Brás com barricada de areia é insuficiente para conter o vazamento de esgoto sem tratamento na praia de Canasvieiras. Resultado de ligações clandestinas na rede de drenagem pluvial, efluentes continuam chegando ao mar em grande quantidade pelo leito do rio Isabel, curso d’água altamente poluído que atravessa as ruas Heitor Bittencourt, Ranulpho de Souza e Acary Margarida, na orla oeste do balneário.

Para não perder clientela, quem tenta conter a vazão de esgoto do rio Isabel é o comerciante Jaci Beiro, 55 anos, que mantém ponto de aluguel de cadeiras e guarda-sóis em uma das margens. Sozinho, ele improvisou pequena barricada com sacos de areia, já na beira da praia, iniciativa que tem sido em vão. Uma pinguela, pequena ponte de madeira, também foi improvisada para facilitar a travessia de banhistas sem contato direto com a água contaminada.

“Está horrível, as pessoas estão indo embora com medo da contaminação. A gente tenta conter, mas a força d’água é maior”, diz Cristiane Rafaela Beiro, 33, filha de Jaci. Apesar de três placas indicarem condições impróprias para banho no entorno do riacho de água escura e fétida, centenas de turistas disputavam espaço na areia e no mar na tarde desta terça-feira.

Crianças brincavam no leito e nas margens do rio sujo, ao lado de famílias inteiras deitadas ou sentadas ao sol, enquanto vendedores ambulantes ofereciam milho verde, sanduíches e sorvetes, sem se incomodarem com a poluição. Para a professora aposentada Cláudia Fernandez, 72, de Tacuarembó, no Uruguai, “há coisas piores do que a poluição, aqui e no meu país”.

A poluição do rio Isabel foi denunciada pela primeira vez em 1976. Em, 2002, após denúncia da Associação de Moradores de Canasvieiras, a Vigilância Sanitária de Florianópolis começou identificação de ligações clandestinas de esgotos com utilização de pequeno robô com câmera acoplada que vasculhava a rede pluvial. “De lá para cá, nada mais foi feito”, diz o morador Paulo Vieira.

Emissário emergencial começa a ser instalado

A instalação do emissário emergencial ligando a estação de transbordo do rio do Brás à rede coletora de esgoto da rua Luiz Boiteux Piazza para tratamento na estação localizada ao lado do Sapiens Parque também já começou. A previsão de conclusão é para sexta-feira, se o tempo continuar firme, segundo previsão dos técnicos da construtora Mega San, empreiteira a serviço da Casan.

Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 13/01/2015