23 nov Transporte marítimo esbarra na teia da burocracia
(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 20/11/2015)
Gonzalo Pereira comentou a nota de abertura da coluna de quinta, 19, sobre o Parque Urbano Beira-Mar Norte, cujo projeto prevê uma nova paginação para a principal avenida de Florianópolis, incluindo a implantação de marina: “E a mobilidade urbana? Não é prioridade? Cadê o projeto para transporte público marítimo?”. Em recente pesquisa, descobri que o transporte marítimo está envolto num imenso cipoal de leis e licenças, ou seja, depende da boa vontade de burocratas do Estado, das prefeituras, dos órgãos ambientais e mesmo do judiciário (e acredite se quiser: até o uso da água do mar para esse projeto tem que ser autorizado). O tema volta ao debate, em geral, quando a mídia propõe algum tipo de reflexão. Passamos horas e mais horas nos engarrafamentos entre Ilha e Continente (e vice-versa), olhando para as duas baías com renovada tristeza. Tanto mar e nenhum barco fazendo a travessia, tão fácil, tão rápida, tão racional. Em visitas frequentes que faço a Itajaí e Navegantes sou usuário da balsa que faz a ligação entre os dois municípios, cruzando o rio Itajaí-Açu de margem a margem (foto). Cada automóvel, tenha um ou cinco passageiros, paga R$ 8. Mas, se o motorista resolvesse seguir caminho pela BR-101 para fazer o cruzamento, rodaria 20 quilômetros e, com certeza, levaria muito mais tempo e consumiria muito mais combustível. O ferry-boat cumpre um papel importante para a mobilidade urbana local. Aqui, um sonho que não sai do papel por causa da burocracia!
Para o futuro
Em tempo: o projeto Parque Urbano Beira-Mar Norte poderá ser parte do futuro sistema de transporte marítimo da região metropolitana. Até porque, conforme apurei, há inúmeros aspectos econômico-sociais e urbanísticos que devem ser levados em conta pelos empreendedores. O problema é o tempo para implantação disso tudo.
Pioneirismo
Sobre transporte marítimo já falamos há mais de 20 anos. O prefeito Sérgio Grando (1993-1997) chegou a construir um trapiche, na área do CentroSul, para a ligação marítima entre a Ilha de Santa Catarina e o bairro Campinas, em São José. Está lá até hoje, completamente deteriorado: nunca foi usado, porque a burocracia nunca permitiu a concretização.