Entrevista: Empresária diz que Santa Catarina não tem preços competitivos no setor turístico

Entrevista: Empresária diz que Santa Catarina não tem preços competitivos no setor turístico

Em busca de novas alternativas para o fomento do turismo em Santa Catarina, a presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux do Estado, Jo Cintra, acredita que uma saída para o setor é apostar em turismo de eventos e de incentivo (premiações que algumas empresas dão aos funcionários). Em entrevista ao Notícias do Dia na sexta-feira, depois de uma reunião com o presidente da Embratur, Vinícius Lummertz, a empresária afirmou que a iniciativa privada e os órgãos governamentais não podem se acomodar nos avanços conquistados nos últimos anos e que é absolutamente necessário investimento permanente na qualificação do setor e na diversificação da oferta de produtos. Além disso, ela acredita que esse é o momento de aproveitar a alta do dólar para atrair mais estrangeiros, além de brasileiros de outros Estados, para a temporada.

Qual o panorama atual do turismo em Santa Catarina?

Considero que o turismo do Estado evoluiu muito nos últimos anos. Temos condições e capacidade para o turismo de incentivo, temos locais como a Serra Catarinense, a região do Vale Germânico. São regiões propícias para atrair o turismo de incentivo – premiações que as empresas proporcionam aos seus funcionários. Na Serra, por exemplo, dá para fazer programações diferentes, com cavalgadas, visitas a vinícolas, porque o turismo de incentivo é muito voltado para experiências, e temos condições de fazer isso. Na região da Grande Florianópolis também temos essa possibilidade. Temos as fazendas de ostra, as caminhadas na Costa da Lagoa.

Em termos de infraestrutura, o Estado está preparado para receber os visitantes? Qual sua avaliação?

De aeroporto não quero falar. Não temos uma infraestrutura de “chegada” nas cidades. Infelizmente, aeroporto é uma coisa que a gente não sabe quando vai acontecer (obras de ampliação e melhorias). Independentemente disso, temos um nível bom de hotéis, muitos procuraram se remodelar. Balneário Camboriú também está melhorando, principalmente com a inauguração do Centro de Convenções. Joinville tem uma rede hoteleira muito boa também, apesar de ter pouca oferta, Além da Serra, Blumenau também tem hotéis maravilhosos.

Evoluímos na sua avaliação, mas temos que acompanhar as tendências mundiais. Como funciona o turismo “sob medida”?

Proporcionamos atendimento diferenciado em hotéis quando a pessoa chega na cidade. É um serviço qualificado. Hoje em dia tem turismo de toda maneira. O turismo sob medida é aquele em que você vai viajar e pede à agência o pacote de acordo com o que você quer, com opção de hotel dentro das condições e o que há disponível na cidade, como exposições, shows, restaurantes. Todo mundo acha que é caríssimo, mas não é. Não cobramos, ganhamos comissão do hotel e também da companhia aérea.

Com a internet, houve uma queda de pacotes fechados por agências de turismo. Como essas empresas podem tentar recuperar o fôlego?

A internet veio para fazer uma divisão. Trabalho há 42 anos com turismo, comecei emitindo passagens, e isso acabou. As pessoas compram os bilhetes pela internet. As agências não vão acabar, o que aconteceu foi uma peneirada das empresas e uma consequente qualificação. Diminuiu o volume de vendas.

A alta do dólar pode aumentar o fluxo de turistas em Santa Catarina durante a temporada de verão?

Já está havendo. Os hotéis estão 90% lotados, não só de turistas brasileiros, mas da América do Sul em geral. Os peruanos e os colombianos, por exemplo, estão descobrindo Santa Catarina. Agora, competitividade de preços que é o problema. Os Estados Unidos e o Caribe ainda são mais baratos para os estrangeiros. A hotelaria aqui é muito cara, por exemplo. Tínhamos navios na costa brasileira, mas diminuiu o número de cruzeiros porque tudo é pago em dólar.

Qual o perfil do turista que vem à Santa Catarina atualmente?

O gasto médio do turismo de eventos gira em torno de R$ 200 por dia, sem contar o que pago em hotel. São executivos, médicos, profissionais liberais. No verão, predominantemente famílias e jovens. É outro perfil de turismo, certamente, mas também deixa dinheiro na cidade.

Há algum planejamento para o fomento do turismo em 2016?

Estamos fazendo o planejamento da federação. Tentamos implantar um programa de embaixadores de Santa Catarina, com o objetivo de criar um envolvimento nacional e internacional para aqueles que captam evento. Também vamos atrás de feiras e de eventos. Precisamos estar lá fora divulgando, temos que investir nisso também. O setor turístico está muito unido, as entidades estão trabalhando juntas, e isso é o primeiro passo para conseguir rentabilidade.

Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 23/11/2015