Reforma da ponte Hercílio Luz terá etapa adicional

Reforma da ponte Hercílio Luz terá etapa adicional

Um novo contrato emergencial para restauração da ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, será firmado no começo da próxima semana entre o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) e a Empa, empresa que atualmente trabalha nas obras do cartão-postal. O objetivo é a conclusão da etapa Ponte Segura. Com a assinatura do documento, o custo total da estrutura de sustentação inferior deverá chegar a quase R$ 22 milhões. Este é o segundo contratos com dispensa de licitação para a execução dessa fase da obra.

A conclusão desta etapa adicional durará cinco meses a partir da assinatura da ordem de serviço e custará R$ 11 milhões, valor somado ao dinheiro já empregado no primeiro contrato com a Empa em abril deste ano, que foi de R$ 10,5 milhões. Com este novo acordo, o Deinfra e a Empa pretendem terminar até fevereiro de 2016 a etapa Ponte Segura, que constitui em uma estrutura de sustentação inferior construída para evitar o desabamento da Hercílio Luz em caso de colapso.

Quando a Empa iniciou os trabalhos, em abril deste ano, o prazo dado pelo governo para conclusão das da fase de sustentação era 180 dias. Com o novo contrato, a empresa levará 11 meses para concluir a fase de sustentação, quase o dobro do anunciado inicialmente.

A explicação do Deinfra é que, como a Lei de Licitações prevê um prazo de 180 dias para obras emergenciais e a fase chamada Ponte Segura devia levar quase um ano para ser concluída, a obra emergencial foi dividida em duas.

Amanhã a empresa deve concluir a construção das quatro torres situadas logo abaixo da ponte, que foi o objeto do primeiro contrato emergencial. O novo contrato prevê a instalação de um leito de madeira que irá percorrer toda a parte inferior da ponte e será anexada às quatro torres. Neste leito serão instalados 54 macacos hidráulicos que darão segurança plena ao cartão-postal contra desabamento.

O engenheiro do Deinfra responsável pela obra, Wenceslau Diotallevy, explica que as quatro torres garantem a segurança da ponte em caso do rompimento de uma das barras de olhal (cabos metálicos que suspendem a estrutura). Ele explica também que a ponte só estará completamente segura após a finalização de toda a etapa de manutenção da parte de baixo da estrutura.

– Estamos em estado de emergência e solucionando a parte que evita o desabamento do vão central da Hercílio Luz.

( DC, 03/10/2015)


Cifras reais ao atraso histórico da ponte

Existe um termo no imaginário dos catarinenses que ganhou força ao longo da interdição da Ponte Hercílio Luz. A chamada “indústria da ponte” seria um canal de recursos públicos para o bolso de políticos, diz o senso comum. Ao calcular os gastos com a histórica construção, Diogo Ringenberg, procurador do até então obscuro Ministério Público de Contas, deu cifras a esse imaginário: R$ 562,5 milhões. Meio bilhão.

Por mais que haja até mesmo erros na projeção do procurador, a representação coloca em pauta o descaso. A reação do governador Raimundo Colombo (PSD) ao decidir interpelar Ringenberg judicialmente tem um quê de culpar o mensageiro, mas também se explica pela frustração de ver o Estado questionado em um momento em que a obra avança. A ação do MPC tem como efeito colateral o ressurgimento das discussões sobre desistir de restaurar a ponte, sobre derrubá-la e construir outra. Por incrível que pareça – e os catarinenses aprenderam a duvidar disso – hoje é mais rápido e mais barato concluir a reforma.

Ao tramitar no Tribunal de Contas do Estado, a ação do procurador não deve ir além de nomear culpados e chorar os milhões derramados.

( DC, 03/10/2015)


A reforma limitada

(Por  DC, EDITORIAL, 03/10/2015)

A presidente Dilma Rousseff classificou como “legítima” a reforma ministerial anunciada ontem, lembrando que as mudanças foram feitas às claras e que a opção por coalizões partidárias desde a redemocratização torna necessário conquistar apoio do Congresso. Ainda assim, as alterações ratificaram o custo que a divisão da máquina administrativa entre partidos aliados impõe ao país. O pretendido corte de 10 ministérios limitou-se a oito e o impacto da redução de custos acabou modesto perto das necessidades. O ganho maior é dos políticos e do próprio governo, que busca assim conquistar mais apoio para aprovar o ajuste fiscal e atenuar o risco de um processo de impeachment.

Ao diminuir de 39 para 31 o número de ministérios, o governo torna o primeiro escalão numericamente um pouco mais sintonizado com a realidade das finanças públicas. A fusão de pastas, porém – como as de Trabalho, Previdência e as de áreas sociais –, prevê a criação de supersecretários, o que deve resultar na manutenção de uma estrutura semelhante à existente hoje. De qualquer forma, é importante que as medidas de contenção de gastos – de viagens aéreas à redução no número de cargos em comissão – se confirmem, virando regra.

O país precisa perseguir maior profissionalização da máquina administrativa e aprovar uma reforma política que torne os partidos mais programáticos e menos fisiológicos. É a forma de evitar que, em momentos de maior fragilidade política e econômica como o atual, os brasileiros fiquem submetidos a práticas como a de um inaceitável toma lá dá cá na gestão pública.


Vai entender

(Por Visor, DC, 03/10/2015)

Este Visor escreveu inúmeras vezes que apenas esta obra de R$ 10 milhões, com a conclusão das quatro torres, não garantiria a segurança da ponte Hercílio Luz. Faltava a etapa mais importante e delicada, que é a instalação dos macacos hidráulicos e consequente transferência da carga. O governo estadual sempre contestou, dizendo que o contrato emergencial seria suficiente para sustentar a estrutura, deixando para uma segunda etapa apenas a efetiva recuperação da estrutura. Agora tudo mudou. O Deinfra acaba de anunciar novo contrato, também emergencial, de R$ 11 milhões para que a Empa instale a peça final para a sustentação, mas ainda sem os macacos hidráulicos. Ou seja, a ponte continuará não sendo 100% segura.