15 out O risco das opiniões apressadas sobre a ponte
(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 14/10/2015)
Minhas impressões sobre a Ponte Hercílio Luz são baseadas na relevância histórica e patrimonial e na importância desse belo monumento para a transposição ilha-continente por veículos leves, pedestres e ciclistas. Jamais escrevi que não houve desperdício de dinheiro público. E todas as vezes que abordei esse aspecto observei que, caso existam evidências, elas devem ser investigadas pelos órgãos competentes, se preciso até pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O que percebo é que formou-se um senso comum, até com viés demagógico, que dá a falsa ideia de que a desmontagem da Ponte Hercílio Luz significaria o fim das despesas do poder público, abrindo caminho para a construção de uma nova ponte. Percebi essa tendência num acalorado debate, na terça, 13, nas redes sociais. Muita gente acredita que uma nova ponte poria fim aos supostos desperdícios, quando na verdade um novo equipamento do gênero custaria no mínimo o dobro do que se imagina (não há números oficiais ainda, os que circulam são chutes) que custará a reforma da Hercílio Luz ao seu final. Além do que, uma nova ponte teria a mesma insuficiência estrutural, do ponto de vista urbanístico: é impossível construir acessos, tanto no Continente, quanto na Ilha, para dar vazão ao tráfego pesado.
Dor de cotovelo
Há quem acredite que toda essa campanha contra a Ponte Hercílio Luz – a favor do seu desmonte – tenha origem numa velha e conhecida expressão da sabedoria popular brasileira: dor de cotovelo. Muita gente não se conforma que a empresa portuguesa Empa deu conta do recado em tão curto espaço de tempo. Talvez a empresa que mais tenha levado a sério sua tarefa.
Condenada…
A mais nova história envolvendo a ponte é de que ela estaria “condenada” ou “podre”. Não se sabe a origem de informações assim, mas elas circulam com relativa liberdade pelas redes sociais. Cumpre ao governo, neste momento, apresentar um diagnóstico correto e definitivo sobre a ponte. A palavra “condenada”, na verdade, os florianopolitanos autênticos ouvem desde 1968, quando o governo dos Estados Unidos mandou um telegrama para o governo brasileiro, alertando sobre o risco de queda do monumento.
… há 47 anos
Quem trouxe o telegrama em mãos para o então governador Ivo Silveira foi o engenheiro Colombo Machado Salles, alto funcionário do Ministério dos Transportes, que depois assumiria a chefia do Executivo e construiria, em quatro anos (1971-1975), a ponte de concreto que levou seu nome, conhecida como “segunda ponte” ou “ponte nova”. A interdição em 1982 levou em conta um parecer do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) recomendando a recuperação de um dos olhais de sustentação do vão central.
Luta pela ponte
“Estão querendo a todo custo acabar com ela. Resta aos florianopolitanos lutar por ela!”. Israel Córdova, via Twitter (Israel_Cordova), comentando notas da coluna sobre a Ponte Hercílio Luz.