Direto do Campo da Beira-Mar, em Florianópolis, deve ser fechado nesta quarta-feira

Direto do Campo da Beira-Mar, em Florianópolis, deve ser fechado nesta quarta-feira

Depois de muito impasse e disputa na Justiça, o Comércio de Frutas e Verduras Irmãos Besen, mais conhecido como Direto do Campo, no bairro Agronômica, deve ser fechado definitivamente na manhã desta quarta-feira (7). De acordo com funcionários, um oficial de Justiça esteve no local na última segunda-feira, informou que a ordem de fechamento seja cumprida e deixou os comerciantes sem tempo para planejar o futuro.

A Justiça tinha decidido no dia 26 de junho pela desocupação do prédio, mas naquela oportunidade o oficial de Justiça teve dúvidas com relação à decisão e solicitou esclarecimentos. A intenção do governo do Estado é a reintegração da posse da área concedida à AMA (Associação dos Moradores da Agronômica).

Nesta terça-feira, comerciantes foram à Câmara pedir apoio dos vereadores. Edson Lemos (PSDB) apresentou um requerimento em regime de urgência, aprovado pelos colegas, para que seja realizada uma audiência pública para debater o assunto na Casa.

Estoques cheios, compras feitas e contas para pagar. O comerciante Solano Marchi, 54 anos, lamenta perder a clientela e tantos anos de trabalho. “Estou aqui há 18 anos. Tínhamos recebido o aviso que teríamos um ano para nos planejar e agora da noite para o dia temos que sair. Estamos com os estoques cheios, será uma grande perda. Tem produtos como ovos e queijo, que estragam com facilidade. Não sei o que farei com isso”, diz.

Com o olhar triste e de quem está de mãos atadas, a proprietária Regina Besen, 41, conta que o Direto do Campo está sendo tratado como um invasor. “Não somos invasores. Pagamos tributos, trabalhamos e movimentamos a economia local”, afirma.

De acordo com Regina, os funcionários estavam cientes do impasse, o único pedido era um prazo para se planejar. “Disseram que teríamos um ano para nos planejar, estávamos olhando terreno, pensando na realocação. Agora não sei o que fazer. Tem mais de 50 funcionários para pagar e fornecedor com bastante mercadorias”, lamenta a proprietária do Direto do Campo.

Reintegração da área e reclamação de clientes

A intenção do governo do Estado é a reintegração de posse da área de 10.971 m², onde estão o Direto do Campo, a Creche Irmão Celso, o posto de saúde e a Casa do Jornalista. A creche e o posto de saúde não estão ameaçados.

A decepção e indignação não é apenas dos comerciantes. Moradores do bairro e de regiões próximas, clientes fieis que movimentam a economia local, temem perder o Direto do Campo. O preço, a qualidade dos produtos e a excelente localização são pontos favoráveis. “Compro aqui há mais de oito anos. Nem sonhava que fecharia as portas”, diz Lúcia Kostek.

Para Tiago Augusto, morador da Trindade, o coletivo não está sendo colocado como prioridade. “Venho aqui toda semana e sei da luta e do trabalho excelente dos comerciantes. Se precisar vamos à rua para ajudar”, afirma.

ENTENDA O CASO

O terreno é de propriedade do Estado desde 1992, quando a antiga Fucabem (Fundação Catarinense do Bem-Estar do Menor) foi extinta e o imóvel incorporado ao governo catarinense.

Em 1989, a Fucabem cedeu a área à AMA (Associação de Moradores da Agronômica), mediante contrato de concessão de uso, por dez anos, que venceu em 1999. Desde então, o Estado tenta retomar a área via judicial, inclusive com uma decisão liminar para desocupação do imóvel.

Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 06/10/2015