A Torre Eiffel e a Ponte Hercílio Luz

A Torre Eiffel e a Ponte Hercílio Luz

(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 15/10/2015)

Entre as boas ideias – que surgem de pessoas razoáveis – para a Ponte Hercílio Luz se tornar autossustentável (sem trocadilho) destaco duas: a cobrança de pedágio para passagem de veículos automotores (pedestres e ciclistas, não); a transformação do espaço da ponte num bulevar de gastronomia e atrações culturais nos fins de semana. Com essa moda de food trucks, seria uma ótima solução: os proprietários das lanchonetes móveis pagariam pelo tempo de permanência, como uma espécie de locação do espaço. A Torre Eiffel, principal símbolo da França, é administrada mediante concessão à iniciativa privada. Todas as visitas são cobradas (os valores inclusive são embutidos nos pacotes turísticos): em 2011 a empresa Société d’exploitation de la Tour Eiffel arrecadou mensalmente cerca de € 6 milhões, equivalentes a R$ 25 milhões. Conforme a Wikipédia, a torre é o monumento pago mais visitado do mundo e principal ícone francês. O monumento histórico foi construído no final do século 19, todo em ferro (como a Ponte Hercílio Luz), com 324 metros de altura. É considerada uma das mais perfeitas obras de engenharia do mundo, de incomparável valor histórico e artístico, como a nossa ponte.

Não são…

Não chego ao extremo de apontar os haoles como responsáveis pela campanha de difamação da Ponte Hercílio Luz. Até porque muitos florianopolitanos da gema adotaram a toada da demolição como solução imediatista. Digamos que a coisa está dividida, talvez com uma vantagem maior para os que, vindos de fora, acham que podem afrontar nossa cultura e nossos símbolos, julgando-se no direito de impor seus conceitos e suas sentenças.

… todos

Mas não são todos. Conheço muitos gaúchos, paulistas, mineiros, paranaenses, argentinos, chilenos, uruguaios e até haitianos – recém–chegados – que defendem a restauração completa da ponte e sua devolução ao uso prático. Muitos concordam, e isso está nos debates em meus perfis nas redes sociais, que o governo deveria promover uma ampla divulgação do que está sendo feito e do que falta ser feito, e de quanto falta efetivamente ser investido (os valores divulgados até aqui são chutes).