13 ago Revitalizar o Centro de Florianópolis é prioridade e uma série de projetos deve sair do papel
Humanizar e requalificar o Centro de Florianópolis é a prioridade dos projetos previstos pela prefeitura nos próximos meses. Com a reabertura da ala sul do Mercado Público no dia 5, obra que foi tratada pelo prefeito Cesar Souza Júnior (PSD) como a “grande estrela da revitalização do centro histórico”, outras medidas devem ser implantadas nos próximos meses para movimentar e renovar a região. Feira de produtos orgânicos, requalificação de ruas e revitalização do Largo da Alfândega são alguns dos projetos mais próximos de sair do papel. No Mercado, a aposta dos comerciantes é de levar música ao vivo para atrair mais clientes e a opção de abrir as portas aos domingos deve começar a ser experimentada a partir de 6 de setembro.
No espaço onde as peixarias do Mercado ficaram por um ano no Terminal Cidade de Florianópolis, enquanto aguardavam a finalização da reforma da ala sul, será instalada a Feira de Orgânicos, que deve começar a funcionar neste sábado. Para não deixar o espaço ocioso e como parte do projeto de ocupar o centro histórico, a prefeitura decidiu aproximar os produtores dos clientes com a feira. “Este projeto é um piloto para aquela região que estamos trabalhando para revitalizar e qualificar. Existe essa demanda dos moradores e é uma forma de estimular a circulação de pessoas na área”, diz o secretário Aldo Martins, da Sesp (Secretaria Executiva de Serviços Públicos).
No Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), o próximo projeto para o Centro a sair do papel deve ser o Sapiens Miramar, a ser lançado no dia 9 de setembro. Segundo o superintendente Acácio Garibaldi Filho, a ideia é revitalizar o setor leste do Centro, onde aos sábados acontece o projeto Viva a Cidade, com aterramento da fiação elétrica e de telefone, e dar isenção de taxas às empresas de tecnologia para que invistam no local.
Outro projeto que deve sair do papel até abril de 2016 é a revitalização do Largo da Alfândega. O estudo, que já tem recursos garantidos pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), inclui a recuperação do pavimento da área de 35 mil m² e a renovação do mobiliário, e prevê conectar o largo com a praça 15, reformar o posto policial e o espaço destinado à venda de artesanato.
Produtos orgânicos direto dos produtores
No Terminal Cidade de Florianópolis, que deve receber a Feira de Orgânicos, nesta terça-feira a empresa responsável pelos balcões e estruturas de alumínio utilizados pelas peixarias começou a retirar os materiais. Como as peixarias saíram do terminal no dia 4 de agosto, o local ficou abandonado e sem segurança. Por isso, materiais foram roubados, remexidos e jogados no local. A empresa deve retirar equipamentos até esta quarta-feira e, assim, a Comcap (Companhia Melhoramentos da Capital) deve fazer a limpeza para que a feira possa ser montada até o fim de semana.
A princípio, a feira funcionará junto com o projeto Viva a Cidade, sempre aos sábados, das 9h às 15h, mas a expectativa é de estender o projeto para outros dias da semana e ampliar o número de produtores. De acordo com o secretário Aldo Martins, da Sesp, a criação da feira é também uma questão de política pública no sentido de incentivar o consumo de alimentos saudáveis na cidade.
No começo, entre oito e dez comerciantes farão parte da feira. A princípio, participarão os produtores que têm permissão da prefeitura para atuar na cidade, como os comerciantes da Ecofeira, da Lagoa da Conceição, e a feira de produtos orgânicos da UFSC. Posteriormente, a Sesp abrirá edital para que outros produtores participem.
Para assegurar a qualidade e segurança alimentar, a prefeitura trabalha com o Ministério da Agricultura e com a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) para certificar e cadastrar estes comerciantes. No Terminal Cidade, eles aproveitarão a cobertura e a estrutura básica do local, mas cada um terá a liberdade de montar sua barraca.
Música ao vivo no Mercado
Reaberto totalmente há uma semana, o Mercado Público deve investir em novidades nos próximos meses. Às quintas, sextas e sábados o vão central, que leva o nome do músico Luiz Henrique Rosa, terá música ao vivo com artistas da Ilha. “O Mercado tem que inovar e estamos aí para isso”, diz Aldonei Brito, presidente da Associação de Comerciantes do Novo Mercado Público, que organizará os eventos. Outras atividades ainda serão planejadas, como uma espécie de abertura da Fenaostra e pré-lançamento de outras festas típicas de Santa Catarina dentro do prédio histórico.
O movimento intenso nos arredores do Mercado tem agradado quem trabalha no local. “Não dá para reclamar, estamos vendendo bem. O pessoal passa mais por aqui, acaba comprando mais e aproveita nosso preço bom”, diz a feirante Bernadete Coelho Schmitt, 69 anos, que trabalha há mais de 20 anos com feira no Largo da Alfândega.
Projetos a longo prazo
O projeto de revitalização do setor leste do Centro, chamado de Sapiens Miramar, deve atingir a rua João Pinto e parte da avenida Hercílio Luz, incluindo recuperação do pavimento, aterramento da fiação elétrica e de telefone e redução da velocidade permitida na rua Tiradentes para 30 km/h. O projeto custará R$ 18 milhões, sendo R$ 13 milhões da Celesc, R$ 2 milhões da prefeitura e R$ 3 milhões do Sapiens Park. “Em determinados horários, o Centro fica muito marginalizado, e a ideia é revitalizar os espaços e dar segurança a todos. É uma forma de humanizar mais a cidade, deixá-la mais segura e mais usual”, diz o superintendente do Ipuf, Acácio Garibaldi.
Segundo Garibaldi, dentro do Ipuf outros dois projetos a longo prazo ainda estão sendo estudados e dependem de recursos. O primeiro é a revitalização da praça Tancredo Neves (conhecida como praça dos Três Poderes), que teve projeto escolhido em concurso nacional em 2010 e prevê estacionamento subterrâneo, centro de convivência e anfiteatro. A projeção de custo é de R$ 15 milhões e a prefeitura elabora o edital para execução das obras.
Outro projeto é a passarela-jardim no aterro da baía Sul, inspirado em projeto de Roberto Burle Marx, que prevê conexão entre o Centro e a orla, construção de quadras poliesportivas, praças, jardins e pista de skate. A estimativa de custo é orçada em R$ 60 milhões e a obra seria público-privada.
Há dois anos, a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Florianópolis criou o Núcleo do Centro Histórico para elaborar projetos em parceria com outras entidades e prefeitura, visando a requalificação do Centro. Está em estudo um projeto de revitalização de quatro ruas centrais: Jerônimo Coelho, Conselheiro Mafra, João Pinto e Bocaiúva.
Segundo Giorgio Fedrizzi, coordenador do núcleo, a primeira rua que deve ter o projeto concluído é a Conselheiro Mafra. “A ideia é fazer locais em que as pessoas possam permanecer e não ser uma rua só de passagem. Isso inclui capacitação de comerciantes, alteração de fachadas e mobiliário urbano”, explica.
( Notícias do Dia Online, 12/08/2015)