25 ago Extrativistas da Costeira do Pirajubaé retiram casqueiro para tentar salvar berbigão da baía sul
Praticamente desaparecido do mar no entorno de Florianópolis, o berbigão virou produto de luxo nas novas peixarias da remodelada ala sul do Mercado Público. O pouco que tem é trazido de São Francisco do Sul, a 180 quilômetros, e revendido entre R$ 22 e R$ 25 o quilo descascado. Enquanto isso, catadores da Reserva Extrativista do Pirajubaé que não migraram para outras atividades informais, passam o tempo de olho na maré à espera da vazante para dar sequência à retirada dos cascalhos acumulados na área de extração, entre a foz do rio Tavares e o baixio de Tipitingas, na baía sul.
Um hectare foi dividido em três áreas e demarcado com escoras de eucaliptos sinalizadas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes da Biodioversidade), órgão gestor da reserva, e Associação Caminho do Berbigão. Em dias de maré baixa, cinco dos dez extrativistas cadastrados remam até o meio da baía e, com espécie de ancinho adaptado, amontoam conchas abertas e cascalhos que se espalham no baixio.
Depois, o rejeito é transportado para a costa e usado como pavimento do pátio dos ranchos dos catadores, na baía sul. O trabalho tem parceria da organização não-governamental Rare, com sede nos Estados Unidos, que financia projetos de valorização de comunidades pesqueiras tradicionais do litoral brasileiro. “É um trabalho de formiguinha, demorado e cansativo. Mas, esperamos que dê certo”, diz o extrativista e engenheiro de aquicultura Fabrício Gonçalves, 36 anos, presidente da Associação Caminhos do Berbigão, na Costeira do Pirajubaé.
Amostras estão sendo recolhidas e encaminhadas ao laboratório de aquicultura do Centro de Ciências Agrárias da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Pesquisadores e extrativistas constataram grande quantidade de pequenas ostras nativas entre o cascalho do berbigão, mas as causas da mortandade e do desaparecimento da espécie ainda são desconhecidas. “Pode ser uma combinação de baixa salinidade da baía por causa do excesso de chuva, temperatura elevada da água, desastre ambiental e excesso de extração”, enumera o chefe da reserva Leôncio Pedrosa Lima, 38, biólogo e analista ambiental do ICMBio.
Sem defeso, pesca é saída contra fome
Mesmo sem resposta para as causas do desaparecimento do berbigão a afloramento de larvas de ostras nativas nos baixios da baía Sul, a previsão de especialistas é de regeneração natural das áreas produtivas em um ano, com suspensão da coleta. “Com a manutenção da atividade, este prazo sobe para três anos, segundo estudos do professor Pezzuto [Paulo Pezzuto, da Universidade do Vale do Itajaí]”, diz o biólogo Leôncio Pedrosa Lima.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 24/08/2015