30 jul Renda de bilro ganha espaço no Mercado Público
Referência cultural de Florianópolis, a renda de bilro ganha uma vitrine especial no Mercado Público Municipal, um dos espaços mais tradicionais da cidade no comércio de pescados. O box 78, na ala norte do prédio histórico, será também o endereço do Armazém da Renda – um centro de referência para divulgar a produção artesanal do município, integrando os diversos núcleos existentes nas comunidades, e que reúnem cerca de 300 rendeiras. A inauguração do espaço cultural acontece nesta quinta-feira (30), às 10 horas, em conjunto com a abertura de outros boxes institucionais, em solenidade conduzida pelo prefeito Cesar Souza Junior.
Aspectos históricos e culturais envolvendo a atividade rendeira serão apresentados em exposição permanente no Armazém da Renda, por meio de painéis informativos que apresentam a dinâmica da produção, desde a coleta e beneficiamento da matéria prima para fazer os bilros, a almofada e o caixote, até os tipos de rendas e pontos mais comuns no feitio de toalhas, roupas, trilhos e peças em metro. No local, o visitante também poderá ver algumas rendeiras produzindo e adquirir produtos feitos ao vivo pelas próprias artesãs ou nos núcleos formados nas comunidades.
Gerido pela Secretaria Municipal de Cultura, o Armazém da Renda vai abrigar exposições, acervo audiovisual e oficinas demonstrativas de renda de bilro, incentivando também o convívio social e o intercâmbio cultural entre as artesãs. O centro de referência tem como objetivo reconhecer e valorizar o ofício das rendeiras no mundo contemporâneo, fortalecendo as formas de transmissão de saberes e fazeres tradicionais referentes a essa produção artesanal em Florianópolis.
Onde há rede, há renda
Ainda muito presente nas comunidades pesqueiras da Capital, a arte do rendado com bilros foi introduzida na Ilha de Santa Catarina pelos imigrantes açorianos que vieram morar na antiga Desterro, no século 18. Na vila, enquanto os homens dedicavam-se à agricultura e à pesca, as mulheres cuidavam dos afazeres domésticos.
No tempo livre, elas teciam em almofadas de bilro as rendas que enfeitavam a casa e o enxoval das moças, e que também vendiam para garantir o sustento da família quando os maridos, pais e filhos ficavam dias e, às vezes meses, pescando em alto-mar. Essa tradição cultural, passada entre gerações, originou o ditado popular que diz que “onde há rede, há renda”.
Uma das características que diferencia a renda de bilro das demais modalidades de bordado é que nela os pontos são feitos no ar, sem necessidade de usar um tecido como base. Entre os tipos produzidos em Florianópolis, destacam-se as rendas Maria Morena, Tradicional, Céu Estrelado, Cocada, Margarida, e Tramoia – a única que é feita com sete pares de bilro, sendo mais comum entre as rendeiras da Lagoa da Conceição, Ribeirão da Ilha, Armação e Pântano do Sul.
O quê: Inauguração do Armazém da Renda (Centro de Referência da Renda de Bilro de Florianópolis)
Quando: quinta-feira (30) – 10 horas
Onde: Box 78 N – Ala Norte, Mercado Público Municipal – Centro
(Prefeitura de Florianópolis, 29/07/2015)