13 maio O desafio dos mergulhadores na etapa de reforma emergencial da ponte Hercílio Luz
As ações imediatas da empresa Empa, contratada para fazer a etapa intitulada “ponte segura” da ponte Hercílio Luz, se voltam para a finalização do Apoio 2 (o segundo mais perto do continente) e, em seguida, o Apoio 1 (ao todo, são quatro fundações) por meio da técnica de contraventamento – ligação entre os quatro pilares de cada fundação para que eles funcionem como um bloco único. “Quando a equipe de mergulho chegou, foi uma surpresa ver que muitas redes estão presas à estrutura. Eles estão limpando isso para que possam dar continuidade ao contraventamento”, informou o engenheiro fiscal, Wenceslau Diotallevy.
Para ele, o trabalho realizado pela Empa é significativamente melhor que o feito pela empresa anterior. “Essa equipe tem uma vantagem, que é filmar o que está sendo feito embaixo d’água. O que eles [mergulhadores] fazem é monitorado ao vivo, de cima. Assim, a gente tem certeza do que está sendo feito”, afirmou.
Esta é a etapa mais crítica da reforma emergencial, até pela dificuldade dos operários em manejar estruturas pesadas sob a água. “O caminho crítico é o contraventamento. Depende das condições do mar, do vento e da corrente, mas é um pessoal altamente especializado, que trabalha só com isso. Estamos muito contentes”, disse Diotallevy.
A restauração definitiva
Finaizado o contraventamento e o posterior trabalho dos soldadores na parte de cima dos pilares de sustentação, a Empa deverá entregar a obra, no final de outubro, para a empresa que realizará a restauração efetiva da ponte. Em fevereiro, o governador Raimundo Colombo viajou a Pittsburgh, nos EUA, onde convidou a American Bridge – antiga Byington & Sundstrom, que construiu a ponte – para realizar o serviço.
Wenceslau Diotallevy foi chamado para participar da viagem e ficou animado com a perspectiva de trabalhar com os americanos. “Agregar o valor e a experiência da American Bridge é importante, eles estão participando das maiores obras de ponte no mundo. A questão, agora, é como resolver a questão burocrática e viabilizar o arcabouço jurídico para sustentar uma dispensa de licitação”, comentou o engenheiro.
Em abril, técnicos da empresa vistoriaram a ponte e pediram 60 dias para definir o projeto final e os custos para executar o trabalho. A um mês do prazo, a expectativa é que haja acerto com o governo catarinense. “Estamos engajados nos estudos e enviamos uma equipe ao Brasil nesta semana. Estamos perto de ter o que precisamos para dar uma oferta completa. Temos grandes expectativas em trabalhar nessa estrutura excepcional”, afirmou Michael Cegalis, vice-presidente da American Bridge.
Força-tarefa é trunfo inédito
“A determinação do governador em busca da American Bridge, com visita aos EUA, mostra a vontade em recuperar esse patrimônio”. A avaliação de Wanderley Agostini, presidente do Deinfra, sobre o momento favorável para a reativação da ponte Hercílio Luz deu o tom do recomeço dos trabalhos no mês passado.
Wenceslau Diotallevy, que acompanha a obra de perto, todos os dias, acredita que o esforço realizado por diversos setores do poder público é um trunfo inédito para a recuperação do maior cartão-postal da cidade. “Sou funcionário do Deinfra desde 1982 e poucas vezes vi uma conjectura tão favorável quanto a que vejo agora. Tem a vontade política, a determinação do governador, temos recursos, o projeto final de engenharia e uma equipe afinada, querendo fazer o correto e de forma transparente. Isso, para mim, são os ingredientes para que a gente tenha sucesso”, comentou o engenheiro.
Desafogo no trânsito
Quando voltar à ativa, a “velha senhora” de 89 anos e 821 metros de extensão poderá ajudar a aliviar o trânsito nas pontes Colombo Salles e Pedro Ivo. Em 1982, quando foi interditada, passavam pela Hercílio Luz cerca de 30 mil carros por dia. “Tem uma pesquisa feita alguns anos atrás que aponta que a ponte Hercílio Luz absorveria 17% do tráfego das outras duas pontes”, relatou Diotallevy.
Segundo o engenheiro, a travessia será mais funcional se, pela manhã, o fluxo de veículos seguir apenas no sentido continente-ilha e, a partir das 16h, somente no sentido inverso. “Não precisa ser expert para entender, é só olhar o que está acontecendo. O Ipuf [Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis] já está desenvolvendo um projeto para adaptar o sistema viário. No continente já está praticamente pronto, agora, caso isso seja mesmo confirmado, é adaptar na ilha essa viabilidade de inversão de sentido”, completou.
(Notícias do Dia Online, 13/05/2015)