Seminário Mercosul Cidadão debate recursos hídricos e gestão da água

Seminário Mercosul Cidadão debate recursos hídricos e gestão da água

Discutir os avanços e as políticas públicas fundamentais que atenda prioritariamente as necessidades dos países do Mercosul é a proposta do 2º Seminário Mercosul Cidadão que teve início na noite desta quarta-feira (22), em Chapecó, no Oeste catarinense. Com atividades até sexta (24), o evento realizado no Centro de Cultura e Eventos Plínio de Arlindo de Nês pela Prefeitura Municipal de Chapecó, a União de Parlamentares Sul-Americanos e do Mercosul (UPM) e com o apoio da Assembleia Legislativa de Santa Catarina traz como tema central, dos debates, os recursos hídricos e a gestão da água.

Durante os três dias de atividades, estima-se que aproximadamente 1,5 mil pessoas participem do seminário que abrange discussões, palestras e oficinas dirigidas por grupos de trabalho formados por diplomatas do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Chile, além de parlamentares, vereadores, prefeitos, dirigentes de universidades e acadêmicos dos países membros.

Com o anseio de se tornar futuramente a Capital do Mercosul e por localização estratégica próxima à fronteira da Argentina, Chapecó foi escolhida pela segunda vez sede do encontro. Segundo as autoridades locais, entre elas  o prefeito e presidente da Comissão de Articulação com autoridades locais da UPM, José Claudio Caramori (PP), a ideia é aproximar cada vez mais o cidadão de assuntos ambientais e socioeconômicos. Ele destacou o fato de Santa Catarina estar sob o Aquífero Guarani e junto à Bacia Platina formada pela junção de várias bacias, como o Rio Paraguai e o Rio Paraná, o Rio Uruguai, que abastece todo o Sul. “Tudo que for debatido neste encontro tem por influência nos mananciais de água, sendo que todos convergem para o Rio de La Plata, sendo assim Montevideo e Buenos Aires passaram a receber o mesmo sistema de tratamento feito aqui”, pontuou.

Ao considerar de extrema importância o encontro de parlamentares de países do Mercosul, a presidente da UPM, Maria Elena Torresi, fez questão de relembrar que há 15 anos existe um trabalho de integração dos países, no qual a troca de experiências só tem acrescentado no desenvolvimento da região. Além da iniciativa possibilitar às pessoas de conhecer e saber ao certo como o Mercosul atua e seus reflexos na vida do cidadão, o 1º Mercosul Cidadão foi bastante exitoso, revelando que o bloco regional não se restringe apenas às relações diplomáticas, mas à relação entre as pessoas. “Nesta edição vamos trabalhar firme a questão da qualidade de vida e os cuidados com a água. Temos que tratar este tema com muita responsabilidade pois este não é um bem infinito, lembrou.

Representando o Poder Legislativo estadual, o deputado Rodrigo Minotto (PDT)  declarou que a iniciativa representa a oportunidade dos legisladores e representantes da sociedade civil dos países membros do Mercosul integrarem o conhecimento entre os países afim de que se possa apresentar propostas e ideias fundamentais para o desenvolvimento humano.

Já o presidente do Bloco Brasileiro da UPM, deputado Kennedy Nunes (PSD), lembrou que além da questão do Aquífero Guarani, considerada uma das maiores preocupações dos países do Mercosul e necessita um tratamento muito avançado, o seminário vai debater também com as universidades federais para que se possa equalizar as grades curriculares para que as pessoas que se formem em universidades federais de países do Mercosul tenham seus diplomas validados entres esses países. O deputado Cesar Valduga (PCdoB) também prestigiou o encontro.

Palestra

A noite de abertura do evento foi marcada pela palestra de conscientização  do uso de recursos hídricos e a gestão da água, proferida pelo doutor em Geociências e professor emérito da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Fernando Scheibe. Durante sua explanação, o especialista destacou a importância da utilização da água, sendo que o ser humano é dependente deste bem para sobrevivência. Além de abranger toda a estrutura industrial e agrícola, o consumo exarcebado está criando a crise. “Muito mais do que a água para beber está faltando a água para tocar a indústria e a agricultura”, frisou.

Para ele, a alternativa é o modelo de consumo baseado simplesmente nas leis do mercado e que não esta levando em consideração o fato de que a natureza tem um limite. “Precisamos encontrar medicadas para que o consumo seja realizado dentro dos limites que a natureza nos impõem para que se possa efetivamente continuar vivendo bem. Estamos vivendo em uma sociedade, onde se visa um ganho maior de capital e nano necessariamente o bem estar das pessoas. É preciso pensar em uma vida boa, porém sem abundância e grandes desperdícios como estamos presenciando”, pontuou.

(Agência ALESC 22/04/2015)