Antes da privatização, Aeroporto Hercílio Luz terá que percorrer longo caminho burocrático

Antes da privatização, Aeroporto Hercílio Luz terá que percorrer longo caminho burocrático

Mesmo depois do anúncio do ministro da Aviação, Eliseu Padilha, de que o Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis, está no pacote dos próximos terminais aeroportuários a serem concedidos à iniciativa privada, a expectativa é de que o processo possa levar mais de um ano para efetivamente avançar. Um longo caminho burocrático a ser percorrido, somado à necessidade de reestruturação da Infraero – sob pena de inviabilizar a gestão dos terminais administrados pela estatal -, fará com que a concessão possa se tornar tão lenta quanto às obras de ampliação do novo terminal de passageiros, paradas desde maio de 2014.

Na segunda-feira, Padilha adiantou que junto ao Hercílio Luz serão concedidos à iniciativa privada os aeroportos de Porto Alegre (Salgado Filho) e Salvador (Luiz Eduardo Magalhães). Mas isso ainda não é oficial. Antes, o CND (Conselho Nacional de Desestatização) vai propor a inclusão desses aeroportos no Programa Nacional de Desestatização e, por meio de decreto, a presidente Dilma Rousseff sanciona essa decisão.

Depois, a SAC (Secretaria de Aviação Civil) chama o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental. Em seguida, técnicos analisam no local as necessidades de infraestrutura, de receita, de gastos, de quadro de funcionários, entre outros itens, e montam uma planilha financeira de quanto vale o aeroporto. Essa conta se transforma no lance mínimo do leilão.

Com o valor definido, começa a fase de escrever as minutas de contrato e edital. No período, audiências públicas são realizadas para avaliar regras contratuais propostas pela SAC e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O último passo, para ocorrer somente em 2016, é a publicação do edital final com data e o lance mínimo a ser cobrado.

Terminal de passageiros sem obras

A retomada da obra de ampliação do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, interrompida em maio de 2014, não tem data para acontecer. De acordo com a Infraero, o consórcio que ficou em segundo lugar no processo de licitação, formado pelas empresas S.A Paulista de Construção e Comércio, Isolux Projetos e Instalações Ltda., Corsán-Corviam Construcción S.A, aceitou tocar o projeto, mas a estatal aguarda alocação de recursos por parte do governo federal para assinar o contrato e emitir a ordem de serviço.

A previsão de conclusão é de 24 meses, ou dois anos, a partir da emissão da ordem de serviço. O consórcio Espaço Aberto/Viseu, que tinha orçado a obra de ampliação em R$ 188 milhões, teve o contrato com a Infraero rescindido em outubro de 2014, com apenas 7,48% da obra concluída.

Concessão, uma via de mão dupla

Entre as vantagens apontadas por quem defende a concessão de aeroportos à iniciativa privada está a crescente necessidade de investimentos para manutenção da qualidade do atendimento. A parceria entre o público e o privado, já que a Infraero mantém 49% de participação nos aeroportos já concedidos, visa viabilizar e dar mais agilidade aos investimentos, além da oportunidade de troca de experiências e absorção de melhores práticas no setor.

Com isso, o governo federal pretende ampliar e melhorar a infraestrutura dos aeroportos brasileiros. No Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), depois da privatização o número de passageiros só aumentou. Em Brasília, a reforma dos portões de embarque e desembarque, bem como do terminal de passageiros, deram nova cara ao aeroporto.

Apesar das melhorias, no final do ano passado nenhum dos seis aeroportos concedidos à iniciativa privada estava isento de problemas. Entre as dores de cabeça, obras atrasadas em Campinas, pagamentos para fornecedores atrasados em Brasília e São Gonçalo do Amarante (RN), problema de caixa na empresa que ganhou a concessão em Confins (MG), divisão entre os sócios do consórcio responsável por Guarulhos (SP) e reclamações constantes de passageiros no Galeão (RJ).

(Notícias do Dia Online, 27/03/2015)