23 fev Temporada promissora
Depois dos graves problemas no fornecimento de água e energia na temporada de verão passada, os destinos mais procurados de Santa Catarina aprenderam a lição e garantiram um período tranquilo e rentável em 2015.
Essa é a principal interpretação de lideranças do setor, de acordo com pesquisas da Federação do Comércio (Fecomércio-SC) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SC).
Entre os números positivos, destaca-se a avaliação da temporada como “boa” ou “excelente” por 75% dos donos de restaurantes ouvidos pela Abrasel e por 82% dos hoteleiros entrevistados pela Fecomércio (veja os gráficos ao lado).
Os dados, que mostram a satisfação do empresariado com o movimento turístico, foram obtidos em primeira mão pelo Diário Catarinense e serão divulgados pelas entidades a partir da próxima semana.
– Continuam existindo dificuldades na infraestrutura, mas os problemas com água e energia elétrica foram em escala muito menor do que em 2014 – pontua o presidente da Abrasel, Fábio Queiroz.
Na análise do presidente da Santa Catarina Turismo (Santur), Valdir Walendowski, a temporada passada foi um marco para o Estado. Ele pondera que, depois de tantas dificuldades, houve uma mobilização para amenizar sensivelmente o problema em 2015 e investir nas melhorias de forma constante.
– Hoje, há um planejamento para que essas situações com água e luz avancem mais, principalmente envolvendo a tecnologia empregada – explica.
Mão de obra é problema
Se o movimento de visitantes foi satisfatório, os levantamentos indicam que o mesmo não pode se dizer da mão de obra. Além de 26% dos empresários de restaurante não ter conseguido contratar número suficiente de funcionários, 54% dessas contratações teve qualidade abaixo do esperado.
– Há muitos cursos de qualificação abertos no Estado, mas mesmo gratuitos não chegam a fechar turmas. Falta interesse pela qualificação – afirma Walendowski.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Turismo da Grande Florianópolis (Sitratuh), Anésio Schneider reconhece as dificuldades, mas afirma que os baixos salários e as jornadas excessivas afastam os candidatos a empregos no setor:
– O turismo está em crescimento, mas o trabalhador nunca é valorizado. Então ele não se qualifica.
Valor gasto no comércio catarinense aumentou
A pesquisa da Fecomércio mostra que 51% dos comerciários tiveram um movimento de clientes “bom” ou “excelente” neste verão. Mas o que mais chama atenção no levantamento é o gasto médio no setor.
O valor ficou em R$ 480,73 no Estado, contra R$ 318,57 em 2014. O maior crescimento foi o registrado em Balneário Camboriú, no Litoral Norte, com salto de R$ 458,51 para R$ 829,18 de um ano para o outro.
Em Florianópolis, o gasto médio passou de R$ 362,51 para R$ 375,06 por turista. Em Imbituba, no Sul do Estado, foi de R$ 358,85 para R$ 411,54 e em São Francisco do Sul, no Norte catarinense, de R$ 187,35 para R$ 369,37.
Os gastos se refletem também no movimento do setor de serviços nas regiões analisadas: 50,3% dos estabelecimentos comerciais entrevistados contrataram funcionários extras para o verão. A Capital teve a maior média de contratações, com 6,2 empregados a mais.
Mais visitante, menos consumo
Já no consumo em geral, a Abrasel e a Santur sinalizam que o turista gastou menos neste ano, embora ainda não existam estatísticas precisas sobre o assunto.
O prejuízo, porém, foi compensado com um número maior de visitantes. A lógica é que, com a economia brasileira enfrentando turbulências, o turista deixa de viajar ao exterior e opta pelos destinos nacionais, gastando menos.
Em Florianópolis, por exemplo, conforme dados da Fecomércio adiantados ao DC, o gasto médio com alimentação caiu de R$ 866,27 em 2014 para R$ 601,28 em 2015.
No transporte a situação é semelhante, indo de R$ 764,05 para R$ 494,35 na comparação com o mesmo período de 2014.
(DC, 22/02/2015)