09 fev Parque da Luz dá vida à Ponte Hercílio Luz
A cabeceira insular se destaca na semivida ou semimorte da Ponte Hercílio Luz, seja pelo belo mirante (revitalizado pela Koerich Imóveis em 2014) ou pelo Parque da Luz, que simbolicamente dá vida ao nosso mais belo monumento histórico.
O Parque da Luz é um exemplo de como a iniciativa privada pode contribuir para a conservação de espaços públicos. Apesar do apoio da prefeitura (Floram, Comcap, Ipuf), o complexo é mantido graças ao esforço de colaboradores privados, entre os quais os moradores dos edifícios próximos, que pagam inclusive o salário do jardineiro.
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A bela área verde é um oásis de mais de 37 mil metros quadrados, uma reserva natural bem no centro da cidade, que só existe porque houve uma mobilização cidadã, iniciada na década de 1990 e consolidada com a criação a Associação dos Amigos do Parque da Luz, responsável até hoje pela manutenção do local.
O parque é ponto de encontro das famílias, dos aposentados, dos trabalhadores, dos visitantes, que encontram refúgio seguro e agradável para o descanso, a meditação, as sessões fotográficas, o bate-papo informal e atividades esportivas leves.
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Morro do Estreito, Colina da Vista Alegre, Morro do Vieira ou o Morro do Barro Vermelho foram as denominações da região, de bem antes da construção da Ponte Hercílio Luz. Por causa de sua distância em relação ao Centro, o lugar foi escolhido, em 1841, para a implantação do cemitério municipal.
Até aquele ano, os mortos eram sepultados ao redor das igrejas ou dentro dos templos (inumação), causando sérios problemas de saúde pública. O cemitério funcionou até 1925, quando foi transferido para o Itacorubi, onde está até hoje.
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Abandonada durante décadas, a área pública virou um imenso terreno baldio, foi invadida por particulares e só passou a ser respeitada quando a associação assumiu o papel de “zeladora” do local (desde 1997).
Houve plantio de mudas na década passada e o resultado é o que se vê hoje, um belo conjunto verde harmonizado com a Ponte Hercílio Luz.
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Há muitas controvérsias envolvendo o parque, que não é reconhecido oficialmente como tal – apenas como área verde de lazer –, e apesar do apoio da prefeitura (a Floram tem um posto de fiscalização no local).
Desde 2010 o Ipuf tem um “Projeto de Revitalização Sócio-Cultural do Parque da Luz”, não muito aceito pelos moradores e frequentadores, que preferem o local como está, livre de mais concreto e outras intervenções urbanísticas. “Um parque deve ter grama e árvores”, diz o jornalista e professor Billy Culleton, vizinho, integrante da associação e frequentador diário.
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Bruno Palha, diretor de fiscalização da Floram, observa que o órgão ambiental faz a sua parte, inclusive quanto à poda das árvores, e ainda colabora com a questão da segurança, junto com a Guarda Municipal, para evitar a concentração de moradores de rua e drogados. Quanto a isso, Billy Culleton destaca: “Onde o cidadão ocupa a área, eles não se criam”.
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E é claro que, com a ponte inteiramente reformada, a perspectiva do parque é a melhor possível como ponto de encontro da cidade, com eventos culturais, visitas guiadas, conscientização ambiental e atividades educativas – exatamente os propósitos que motivaram a fundação da associação, há 18 anos.
(ND, 07/02/2015)