Tartaruga marinha é devolvida ao mar

Tartaruga marinha é devolvida ao mar

Vitória voltou ao mar. Capturada em uma rede de pesca há cerca de um mês em Balneário Camboriú, a tartaruga-verde tocou novamente a areia da Praia Central após um longo período de recuperação no Projeto Tamar, em Florianópolis. As primeiras passadas foram lentas, desajeitadas até. Mas bastou Vitória sentir nas nadadeiras a água do mar para desaparecer nas ondas.

Foi a primeira vez que uma tartaruga foi devolvida ao mar em Balneário pelo Tamar. A soltura faz parte da comemoração dos 30 anos do Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste-Sul (Cepsul) em Itajaí, que há 10 anos é parceiro do projeto que atua na proteção das tartarugas.

PROJETO TAMAR CUIDOU DE RESGATE E CUIDADOS

Vitória chegou à praia ainda sem nome. Foi batizada às pressas pelo pessoal que enfrentou a chuva fina para assistir de perto sua volta ao mar. A escolha combinou com a história de superação e sorte protagonizada pela tartaruga. Salvou-se de um destino cruel: de acordo com estimativa do Tamar, a cada 1 mil filhotes que nascem só dois chegam à maturidade.

A captura na pesca e o lixo que despejado nos oceanos são as principais causas de morte de tartarugas. Vitória, quando emalhada em uma rede de pesca artesanal, já tinha um anzol fisgado numa das nadadeiras e um fio de náilon que entrava pela boca e saía pela cloaca, com mais de um metro de comprimento.

Rafael Pinheiro, guarda-vidas civil, foi quem a salvou. Ajudou os pescadores a retirá-la da rede, na praia, e a levou ao posto para esperar a equipe do Tamar. Nesta manhã, fez questão de acompanhar a soltura:

– Estou acostumado a salvar vidas, mas de uma tartaruga foi a primeira vez. Foi gratificante.

Com 40 centímetros de casco, Vitória ainda é considerada juvenil, com cerca de oito anos. Uma tartaruga-verde como ela pode chegar a um metro de comprimento e vive de 80 a 100 anos.

De volta ao oceano, a tartaruga encontra rapidamente seu caminho. Camila Trentin Cegoni, gestora do Centro de Visitantes do Tamar em Florianópolis, conta que a espécie vive sozinha. Nos próximos anos ainda deve seguir próxima à costa, onde busca alimento – e vira presa fácil para a captura.

(DC, 21/ 11/2014)