24 nov Florianópolis precisa de gerenciamento de trânsito
Um acidente, sem feridos, na saída da ponte Pedro Ivo, foi o suficiente para que milhares de pessoas ficassem, mais uma vez, reféns da falta de gestão do trânsito de Florianópolis. Os sacos de cimento, caídos de um caminhão, sobre a alça de acesso a avenida Beira-Mar Norte, as 6h20 da manhã desta sexta-feira, deixou motoristas e passageiros presos por mais de duas horas no congestionamento.
Para evitar situações como a registrada ontem, e como o acidente do dia 30 de outrubro, envolvendo três ônibus e dois carros, na ponte Colombo Salles, o Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) implantará uma equipe de plantão para responder aos acidentes.
A demora para a limpeza e liberação da pista, assim como a normalização do fluxo foram fatores que implicaram em um congestionamento de mais de três horas, na manhã de ontem, na saída da ponte Pedro Ivo. As filas de carros paralizaram o trânsito também em São José e Palhoça. Para evitar situações como a enfrentada pelos usuários da via expressa e demais acessos à Ilha, o Ipuf reunirá agentes da Guarda Municipal, da Polícia Militar, da Secretária de Saúde e da Comcap para implantar um plano de contingência.
“A ideia é estabelecer um plantão para atendimento rápido em casos de acidentes. Cada equipe ficará na sua respectiva base, mas terá de se deslocar com brevidade até o local da ocorrência”, adiantou o secretário de Meio Ambiente e Planejamento Urbano do Ipuf, Dalmo Vieira Filho. Ele acredita que as saídas para os problemas de trânsito da Capital possam ser apontadas a partir das pesquisas do Plamus (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis). “Os dados do Plamus nos ajudarão a tomar medidas de longo prazo”, disse, ao detalhar que até o início de janeiro as pesquisas estejam finalizadas.
Especialista aponta medidas
Serviço de guincho, socorro e limpeza de pista seriam alguns dos aparelhos que deveriam ser oferecidos aos usuários das vias de acesso à Ilha, segundo o professor de Mobilidade Urbana, Elson Manoel Pereira. “O monitoramento do trânsito da Capital é feito mais pela imprensa que pelo poder público.
Falta infraestrutura para gerenciamento”, disse, ao defender que um corpo técnico com pelo menos 50 pessoas deveria atuar diretamente na gestão do tráfego. O professor disse ainda que o socorro às vítimas, a desobstrução das vias e o desvio de fluxo devem ser pensados não somente para a Capital, mas para a região metropolitana. Pereira lembra que proibir a circulação de certos tipos de veículos em determinados horários, evitaria acidentes como o de ontem.
Em curto prazo a única medida, na visão do especialista, é a melhoria na resposta aos acidentes. “Fora isso, vejo apenas a construção de uma nova ponte, distante das atuais, para diminuir o problema”, apontou, ao alertar que situações como a de ontem e do dia 30 de outubro, quando a colisão envolvendo três ônibus e dois automóveis, parou a cidade, serão cada vez mais comuns se nada for feito emergencialmente.
“Para que as coisas mudem é preciso investir pesado. Prefeitura de Florianópolis, governo do Estado e Federal devem se articular para que a população tenha condições de deslocamento”, disse.
Para PM, desviar tráfego pela ponte Colombo Salles, não era a solução
Ao falar sobre a força-tarefa reunida para desobstruir a pista e liberar o trânsito, o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, coronel Araújo Gomes afirmou que desviar o fluxo de veículos pela ponte Colombo Salles, como sugeriram alguns usuários, não seria a melhor alternativa para diminuir o congestionamento, naquele momento.
“Se tomasse essa atitude, a Beira-Mar também ficaria trancada bem como o restante da Ilha”, disse, ao reconhecer ainda que o congestionamento é gerenciável até certo ponto.
Sobre a operação conjunta entre agentes da Guarda Municipal, Polícia Militar e Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital), realizada para a desobstrução da via, Gomes ressaltou que o tempo de resposta, ou seja, a resolução do problema, foi dada dentro das possibilidades. “Sem um plano de gerenciamento de trânsito, os mais de 140.000 motoristas que passam pelas pontes diariamente têm de rezar para que nada aconteça durante o percurso”, disse o comandante, ao salientar que o sistema atual não suporta mais nenhuma anomalia.
O coronel destacou que o acidente não foi causado por falha mecânica e que o motorista foi multado. “Mais de 100 sacos de cimento caíram do caminhão”, disse.
(ND, 22/11/2014)