06 out Laudo sobre trapiche de Coqueiros é entregue ao prefeito de Florianópolis
A ACE (Associação Catarinense dos Engenheiros) entregou na quinta-feira (3) ao prefeito Cesar Souza Júnior laudo técnico que mostra a possibilidade de restauração do trapiche da praia da Saudade, em Coqueiros, área continental de Florianópolis. Os engenheiros defendem a interdição até que seja realizada uma reforma e posterior revitalização. O acesso ao trapiche está fechado por determinação do MP-SC (Ministério Público de Santa Catarina), deste o dia 21 de setembro.
O engenheiro civil Roberto de Oliveira, da ACE, esteve no trapiche com outros engenheiros da associação para avaliar a situação estrutural do equipamento de lazer. Após analisar os pilares e as condições gerais, Oliveira assegurou que é possível restaurar o trapiche. “Entregamos o laudo ao prefeito com três pedidos: que se mantenha a interdição; se realize a reforma; e que se faça a revitalização do local após consulta à população, via audiência pública”, antecipou.
Oliveira garantiu que a restauração causará bem menos impactos ambientais se comparada aos danos que a demolição deixará. O engenheiro salientou ainda que a ACE é terminantemente contra a demolição. “Cair não vai. Precisamos é lutar contra essa cultura de tirar o contato das pessoas com o mar. Se continuar assim não está longe o dia em que teremos tapumes escondendo o oceano”, disse.
A Secretaria de Obras da Capital informou que o prefeito solicitou um novo laudo pericial sobre as condições físicas do trapiche. Também foi ordenado que se crie um grupo de estudos para decidir o destino da estrutura. O MP-SC deu 30 dias para que o município defina qual destino dará ao trapiche.
“Demolir é um abuso”
De acordo com a arquiteta e vizinha do trapiche, Alda Bernardi, 56, o acesso à praia da Saudade está abandonado há décadas pelo poder público. “Sei que o espaço virou ponto para consumo de drogas. Mesmo assim, é um abuso colocar esta estrutura abaixo”, disse, ao olhar pela sacada de onde acompanha o trapiche há mais de 27 anos.
A arquiteta lembra dos tempos em que levava os filhos pequenos para passear e via a orla repleta de moradores e visitantes. “Aqui já foi o local da moda, nos anos 1970. Ainda tem quem mergulhe por ali”, contou.
A presidente da ONG FloripAmanhã, Zena Becker, lamenta a intenção da prefeitura de demolir o trapiche. “A estrutura faz parte da história do bairro. Se derrubar, duvido que outra seja construída”, disse. Zena defende a revitalização e diz que a demolição deve ser a última alternativa. “Se os engenheiros da ACE afirmam ser possível, porque não reformar o trapiche?”, questionou.
Trapiche do CentroSul oferece riscos aos frequentadores
Ignorando os perigos da passagem pela velha estrutura de madeira, o casal de dentistas do Rio Grande do Sul, Lia Cardoso, 50 anos, e Raul Millions, 56, aproveitou um congresso em Florianópolis para tirar fotos no trapiche atrás do CentroSul. “Está na hora de reformar ou então coibir a entrada”, disse Lia.
O trapiche construído há mais de 25 anos está abandonado. De acordo com a Secretaria de Obras da Capital, o município está impedido de fazer melhorias porque há um impasse judicial envolvendo a União, a quem pertence a área onde foi edificado o trapiche.
( Notícias do Dia Online, 04/10/2014)