15 set Casarão Bento Silvério, na Lagoa, mantém atrações culturais e artísticas à população
Inaugurado em 1912, o prédio histórico onde funciona o Centro Cultural Bento Silvério, na Lagoa da Conceição, consegue preservar, além das características típicas do período pós-revolução industrial, um pouco das manifestações artísticas e culturais que estão intimamente ligadas à história local. Ponto de encontro de rendeiras, músicos, artistas e gente de toda comunidade, o centro também conhecido como Casarão da Lagoa, do qual ainda faz parte a Casa das Máquinas, oferece gratuitamente à população cursos e oficinas que resgatam os usos e costumes típicos da Ilha de Santa Catarina, em especial a renda e os bordados.
E é na sala das rendeiras que semanalmente, às quartas e sextas-feiras, um grupo de mulheres da Lagoa se reúne para praticar o trabalho manual da renda de bilro e tramoias. Com espaços para produção e comercialização do artesanato, o local é ponto de encontros para pessoas como Graça Sodré, 55, que na sexta-feira produzia uma peça que irá ornamentar uma bandeja em sua casa.
No Casarão, as tardes de Graça e suas amigas passam devagar, trazendo na memória das rendeiras uma época que não volta mais. “Quando eu era criança, uma de nossas diversões aqui em frente ao Casarão era contar nos dedos os carros que passavam aos fins de semana, porque naquele tempo era tão raro o movimento que isso nos divertia”, conta a professora de Graça, a rendeira Maria de Lourdes de Jesus, 62.
Tombado como patrimônio histórico e arquitetônico de Florianópolis em 1985, o Casarão sedia também a Fundação Franklin Cascaes, que administra o Centro Cultural Bento Silvério. Além do espaço das rendeiras, o centro cultural conta ainda com uma biblioteca para as crianças da comunidade, espaço de shows na Casa de Máquinas e, em breve, sala virtual com oito computadores e internet grátis para a criançada. “A intenção principal do espaço, que é preservar a memória de Bento Silvério e as tradições de nossa cidade, como as rendeiras e apresentações tipicamente açorianas, está sendo cumprida à risca”, conta Carlos Henrique Geller, o Caique, gerente do Centro Cultural Bento Silvério.
Última reforma no prédio histórico aconteceu em 1985
Apesar de ser um patrimônio histórico de Florianópolis que ainda preserva atrações culturais à população, o prédio do Casarão da Lagoa, que tem 102 anos de idade, não passa por uma manutenção estrutural desde 1985.
São 29 anos sem reforma, o que traz consequências que podem ser vistas no forro, nas portas com cupim e na fachada com algumas pichações. Carlos Henrique Geller, o Caique, afirma que a Fundação Franklin Cascaes conseguiu junto à secretária de Obras da Capital uma previsão orçamentária para dar início à restauração do Casarão, que compreende a parte do prédio, portas e sistema elétrico. Ele lembra que é preciso buscar empresas especializadas em restauro de obras antigas, que tem experiência na atividade. “Estamos trabalhando junto à prefeitura para fazer as melhorias necessárias no prédio, que é um marco da cultura e história da Lagoa e de Florianópolis”, disse Caique.
Quem foi Bento Silvério
Nascido em 05 de março de 1951, o jornalista catarinense Bento Silvério era nativo do Distrito da Lagoa da Conceição. Foi um dos mais respeitáveis repórteres políticos de Santa Catarina, e destacou-se em concursos de contos na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), o qual foi premiado em diversas ocasiões. Uma de suas obras mais conhecidas é “Entropia e Evasão: Contos”. O livro de contos foi publicado pela UFSC em 1980. O centro cultural Bento Silvério, que recebeu o nome do jornalista após seu falecimento, em 1987, está localizado na rua Henrique Veras do Nascimento, número 50, no centrinho da Lagoa.
O horário de visitação do Casarão é das 13h às 19h. “De manhã também sempre tem alguém aqui, se a pessoa quiser pegar um livro ou ler um jornal. À noite costumamos ter atrações na Casa das Máquinas, que tem uma agenda repleta de shows de agosto até dezembro”, informa Caique.
(Notícias do Dia Online, 13/09/2014)