24 jul Um Estado-nação de doadores de órgãos
Destaque nacional e internacional por índices de doação de órgãos, Santa Catarina ainda busca evoluir nas estatísticas de transplantes através do incentivo para discussão familiar sobre o assunto. Se fosse um país, o Estado estaria entre os primeiros no ranking de doações, com 26,9 doadores por milhão de habitantes. Em contrapartida, a negativa dos familiares de falecidos ainda chega a 30%, num panorama que já esteve em 70%.
Para reforçar o aperfeiçoamento dessa comunicação, a Associação dos Pacientes Renais de Santa Catarina (Apar) lança a partir de hoje a campanha de conscientização no Estado, com foco nas negativas familiares à doação de órgãos. Em nível nacional, os índices chegam a 43%. O material da entidade, feito voluntariamente pela agência Propague, será dividido em mídias de rádio, televisão, jornal e outdoor.
– Serão 60 dias de divulgação com dois filmes bem-humorados, um num restaurante e outro num hospital. Vai mexer com as pessoas. O tema doação não é um assunto que você conversa todo dia. Quando alguém vai a óbito e está numa situação de doação é que as pessoas vão discutir o assunto, mas aí é difícil. Queremos que o doador informe a família – disse o presidente da Apar, Juarez Nunes.
No primeiro trimestre de 2014, Santa Catarina foi o segundo Estado com maior número de doações do Brasil por milhão de habitantes, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. O índice coloca o Estado no mesmo nível dos principais países da Europa líderes do ranking mundial.
Para o coordenador da SC Transplantes, entidade que regula os procedimentos no Estado, Joel de Andrade, iniciativas como a campanha da Apar são interessantes para inserir o assunto no meio familiar. Dentro da SC Transplantes, o foco nos trabalhos com as famílias foi intensificado nos últimos anos. Nos hospitais, grupos de profissionais atuam diretamente no diálogo para a doação.
– O que realmente vale nesse momento é a capacidade do profissional de saúde à frente dessa família. Um bom profissional pode reverter a posição de uma família que a princípio tinha pensado em negar – explica o coordenador.
Os próximos desafios do órgão, afirma Andrade, são a redução para 15% nos índices de negativa familiar e o aumento do número de doações por milhão de habitantes para 35, chegando ao nível da Espanha, que lidera o ranking mundial nas estatísticas.
(DC, 24/07/2014)