Mobilidade urbana: gestão e cidadania

Mobilidade urbana: gestão e cidadania

( Por Ronaldo Lima , DC, 07/07/2014)

Como em muitos outros setores, o tema requer uma visão mais ampla e multidisciplinar, na qual cada ator tem papel de grande responsabilidade.

O tema que é considerado gargalo em todos os grandes e médios municípios brasileiros tem demandado muito debate, estudos e buscas de recursos e ações de entidades públicas e da sociedade civil organizada. Acompanhamos cotidianamente as notícias de revisões de planos diretores, desapropriações, construções de pontes e redirecionamento de fluxos, estabelecimento de calhas para coletivos e criação de ciclovias em uma luta inglória em que conceitos matemáticos e físicos jamais são contemplados.

Em um país onde as políticas são estabelecidas em torno da cultura e da paixão que se tem pelo automóvel se torna ainda maior o desafio de conceber planos de mobilidade que alcancem graus satisfatórios de viabilidade e eficiência. Se os subsídios para a aquisição de veículos novos forem sempre mais vantajosos que os oferecidos para implementação e uso dos modais coletivos e sustentáveis, o caos é a única garantia que teremos.

Como em muitos outros setores, o tema mobilidade requer uma visão mais ampla e multidisciplinar, na qual cada ator tem papel de grande responsabilidade. Ao poder público e planejadores das cidades, a quem sempre remetemos as responsabilidades, recai, de fato, o imperioso papel de contínuo planejamento.E qual nosso papel como cidadão? Pagamos impostos e esperamos pela resposta em forma de obras, serviços, melhorias e segurança para as cidades. Mais do que isso, somos nós que desenvolvemos ou perpetuamos o ambiente cultural em que estamos inseridos. A carona compartilhada com colegas de trabalho ou faculdade pode manter até quatro vagas livres no estacionamento, ruas mais tranquilas e seguras e ambiente menos poluído. O perfil de uma sociedade, seus interesses e as escolhas que fazem são os elementos que compõem e determinam os planos de seus governantes.

* PRESIDENTE DO CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DE SANTA CATARINA. MORADOR DE FLORIANÓPOLIS