O antes e o depois dos resíduos sólidos

O antes e o depois dos resíduos sólidos

(Por Marius Bagnati*, DC, 27/05/2014)

Brasil e Alemanha começaram praticamente juntos, nos anos 80, os processos de coleta seletiva de materiais recicláveis. De lá pra cá, quanta diferença. A Alemanha chega a mais de 60% dos resíduos desviados de aterros sanitários. O Brasil, em cidades bem-sucedidas como Florianópolis, mal avança os dois dígitos. Em torno de mil toneladas por mês são recolhidas pela coleta seletiva da Comcap, que atinge 100% dos bairros da Capital pelo sistema porta em porta. Isso representa 6% do total de resíduos sólidos urbanos coletados em Florianópolis. Mais dois pontos percentuais são acrescidos com as coletas de materiais volumosos, pneus e óleo de cozinha. E há aquela quantidade reciclada por supermercados, sucateiros, catadores informais. De qualquer modo, bem abaixo da recuperação alemã.

No plano técnico, basicamente porque sequer foram construídas aqui políticas públicas para reciclar os materiais orgânicos – os resíduos úmidos que compõem em torno de metade do lixo ainda aterrado. No plano econômico, porque lá os investimentos foram infinitamente maiores.

Esta semana, a prefeitura de Florianópolis dá um passo importante para mudar este cenário e promove, através da Comcap e em parceria com a Universidade de Braunschweig, de Hannover, o 2o Congresso Técnico Brasil Alemanha – Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos, com 10 especialistas alemães e 20 brasileiros. É a chance de aproximar esses mundos: o europeu e o brasileiro, o público e o privado, a academia e o setor produtivo, o catador e o consumidor. Em tempos de economia circular, os produtos são praticamente iguais e o que os diferencia é o destino que recebem. Ninguém deveria se surpreender se logo, mais importante do que a origem dos produtos, será saber o destino dado no pós-consumo. É preciso estar preparado para o tempo.

Em tempos de economia circular, os produtos são praticamente iguais e o que os diferencia é o destino que recebem.

*ENGENHEIRO CIVIL, DIRETOR DE OPERAÇÕES DA COMCAP. MORADOR DE FLORIANÓPOLIS