15 maio Beleza que atrai competência
Pesquisa realizada com cem cidades brasileiras colocou Florianópolis em primeiro lugar quando o assunto é capital humano. Atraídos pela qualidade de vida e pelas belezas naturais, os profissionais ajudam a tornar a cidade um bom lugar para fazer negócios
Quem procura bons lugares para investir no Brasil pode encontrar o cenário ideal em Florianópolis. E os responsáveis por colocar o município nessa posição de destaque são os profissionais. Segundo uma pesquisa da consultoria Urban Systems para a revista Exame, o município é o primeiro entre cem cidades do país em capital humano. Não tem para ninguém quando as empresas param para analisar a combinação de renda média dos trabalhadores e número de profissionais com ensino superior completo.
Atraída por esse potencial, a empresa portuguesa de software Wedo abriu um centro de desenvolvimento na cidade em 2007. O diretor Marcos Silva conta que assim que a unidade se consolidou, todo o desenvolvimento de soluções da companhia voltado ao Brasil e à América Latina – até então uma responsabilidade do escritório do Rio de Janeiro – foi transferido para Florianópolis. O principal motivo? As pessoas.
– A empresa entendeu que Florianópolis tem essa magia de atrair pessoas de fora. A simplicidade, o estilo de vida e as belezas naturais são ingredientes que fazem com que os profissionais queiram permanecer aqui. Como queríamos expandir, de nada adiantaria investir em uma cidade onde os profissionais fossem bater asas – diz Silva.
O diretor diz que a Wedo considerou ainda o número de bons profissionais recém-formados na cidade. Segundo ele, a quantidade de instituições de ensino de qualidade foi outro ponto forte para a atração dos investimentos. A unidade abriu com 10 funcionários e assim permaneceu até 2009, quando ganhou mais responsabilidades. Hoje o centro de desenvolvimento conta com 50 profissionais, o que representa um crescimento de 400% em cinco anos.
Diploma ajuda a ganhar título
Na pesquisa, outras onze cidades aparecem em destaque no ranking. Florianópolis se destacou em três indicadores principais, que garantiram a primeira posição da cidade no indicador capital humano.
No município, 39% dos empregos com carteira assinada são ocupados por profissionais com curso universitário, mais do que o dobro da média nacional. A cada mil pessoas economicamente ativas, 111,2 estão matriculadas no ensino superior – no Brasil, a relação é de 37,04 para cada mil. Já a renda média dos trabalhadores formais por aqui é de R$ 3.178, maior do que a média nacional.
– A educação é um diferencial muito importante para uma cidade que quer atrair investimentos. Pessoas com um nível elevado acabam exigindo a criação de negócios melhores e de um atendimento mais qualificado – conclui Sanderlúcio Fabiano de Mira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif).
(DC, 15/05/2014)
Tecnologia puxa os bons indicadores
O setor que mais tem contribuído para os indicadores positivos de capital humano de Florianópolis é o de tecnologia da informação. As empresas de software, hardware, consultoria, manutenção e licenciamento de softwares são as que mais crescem na Capital, ao ritmo de 20% ao ano, segundo levantamento da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate).
A secretária de Desenvolvimento Econômico de Santa Catarina, Lúcia Dellagnelo, explica que além do crescimento acelerado, o setor demanda a contratação de profissionais com curso superior. E uma coisa puxa a outra. A exigência de qualificação oferece melhores salários e, como conse- quência, o aumento da renda se torna fator de atração de novos talentos.
Sobre a conhecida dificuldade que as empresas de tecnologia da Capital têm em preencher as novas vagas, Lúcia diz que há sim um descompasso entre a oferta de trabalho e a formação nas universidades.
– O crescimento rápido do setor tem atraído empresas de fora. Então as oportunidades estão aumentando mais do que o número de profissionais formados. O tempo que a universidade leva para formar um profissional é mais longo que a abertura de uma vaga – explica.
Mas, para ela, o número de instituições de ensino superior em Florianópolis e arredores é expressivo, a ponto de representar outro elemento de atração de bons profissionais.
– Estamos saindo da era do conhecimento para a da inovação e Florianópolis já está preparada – diz Lúcia.
O setor de tecnologia é o que mais paga impostos na cidade hoje, mas o de turismo, o segundo arrecadador, é o que tem maior potencial de crescimento, de acordo com a secretária. Enquanto as empresas de tecnologia já estão consolidadas, o turismo oferece inúmeras oportunidades de investimento em Florianópolis.
Lúcia observa ainda que não poderia haver indicador melhor para uma cidade se destacar do que o de capital humano, que além de impactar os outros indicadores, é um fator de competitividade de metas a longo prazo. Características como desenvolvimento econômico e social, segundo ela, dependem muitas vezes de investimentos pontuais e podem ser trabalhados no curto e médio prazos.
Não deixa de ser uma boa notícia para Florianópolis, que precisa melhorar e muito em desenvolvimento social, econômico e infraestrutura. Entre os piores índices da Capital, que influenciaram as baixas posições nos indicadores citados, estão coleta e tratamento de esgoto.
(DC, 15/05/2014)