Prefeitura de Florianópolis lança na próxima semana edital para restauro da Casa de Câmara

Prefeitura de Florianópolis lança na próxima semana edital para restauro da Casa de Câmara

Inaugurada em 1780 compondo o conjunto de prédios históricos do entorno da praça 15 de Novembro, a Casa de Câmara e Cadeia passará pela quarta restauração, para abrigar o Museu Histórico da Cidade. O processo de licitação está praticamente finalizado e deve ser lançado na próxima semana. A expectativa é que as obras iniciem em junho, com prazo de 18 meses para conclusão. O espaço está interditado desde 2007, quando passou a ser ocupado por andarilhos, até ser lacrado totalmente em 2012.

A proposta da Prefeitura de Florianópolis é inaugurar um museu interativo, aos moldes do que já existe no Museu do Futebol e da Língua Portuguesa, ambos em São Paulo. “A ideia é um museu tecnológico que seja atrativo para a população. Temos todo o conceito pronto, que vai resgatar desde a ocupação indígena até a história recente da cidade”, antecipa a superintendente do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) Vanessa Pereira. A restauração foi firmada em convênio com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) e custará R$ 6,5 milhões, sendo R$ 2,5 milhões por parte da prefeitura. Um anexo, onde ficará a administração, banheiro e café, também será construído, nos fundos do prédio.

Para manter o conceito proposto, a prefeitura aguarda a aprovação de uma lei na Câmara de Vereadores para que possa repassar a administração do futuro museu a empresas especializadas. “Já existem instituições que fazem isso e funciona muito bem. A empresa que assumir o museu estará sujeita a um termo de referência e especificações impostas por nós”, explicou Vanessa. Deverá constar, por exemplo, a gratuidade de entrada para estudantes, entre outras ações que visem democratizar a ocupação do espaço.

Prédio histórico acompanhou processo de transformação da cidade

O prédio abandonado deverá ganhar vida e importância no centro da cidade como nos períodos de colonização da então Nossa Senhora do Desterro. A história do espaço se confunde com a da cidade, que girava em torno de cinco elementos arquitetônicos: a Igreja Matriz, o Largo, o Palácio Cruz e Sousa, o Forte Santa Bárbara e a Casa de Câmara e Cadeia. No térreo da casa ficavam os ladrões e agitadores, enquanto no piso superior os primeiros legisladores promoveram as decisões iniciais para o Estado.

Em 1984, a casa foi tombada como patrimônio histórico. Em 2005, depois que os vereadores de Florianópolis esvaziaram o prédio histórico, a Casa de Câmara e Cadeia perdeu de vez sua função prática. Em 2007, o Ministério Público interditou o local e alarmou sobre a depredação do prédio de 865,9 metros quadrados.

Esta não é a primeira vez que o poder público tenta restaurar o espaço histórico e lhe dar um destino útil no centro da cidade, na mesma quadra onde Francisco Dias Velho fundou o município e ergueu a primeira capela. Em 2010, sob o comando de Dario Berguer, a prefeitura chegou a lançar um edital no valor de R$ 25 milhões. No entanto, após levantadas suspeitas sobre o processo, que envolvia a ONG DiverSCidades, a proposta nunca chegou a sair do papel.

Em dezembro do ano passado, o Ministério Público Estadual ingressou com uma ação na Justiça para responsabilizar criminalmente os envolvidos na tentativa de fazer a restauração. Sete pessoas foram indiciadas e responderão por improbidade administrativa.

PAC das Cidades Históricas requalificará entorno do Mercado do Peixe

As propostas de manutenção do patrimônio histórico da cidade também prometem novidades para o entorno do Mercado Público e para a rua Victor Meirelles, que deverá ser transformada em calçadão no próximo ano. O pré-projeto para requalificação urbana do entorno do Mercado Público e Largo da Alfândega, que irá receber recursos do PAC das Cidades Históricas, foi apresentado ao prefeito Cesar Souza Júnior na última quinta-feira. Cerca de R$ 20 milhões devem vir para a Capital catarinense, sendo que R$ 5,5 milhões serão utilizados para realização dessas obras.

O encontro contou também com a presença de representantes do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). O prefeito sugeriu algumas adequações ao projeto, principalmente nos locais que passariam a ter uma cobertura fixa. Segundo ele, como o espaço é utilizado também na realização de algumas atividades artísticas e culturais, as coberturas devem ser parcialmente móveis, adequando-se assim a cada evento realizado.

Até o final deste mês, o Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) deve apresentar novamente o pré-projeto já finalizado, que posteriormente será encaminhado à Secretaria da Administração, para que possa ser aberto o processo licitatório para a contratação dos projetos executivo e complementares.

(Notícias do Dia Online, 14/04/2014)