07 abr Polícia não relaciona casos de ônibus queimados em SC com atentados liderados por presos
O tatuador Ângelo Ferraz ainda trabalhava em seu estúdio de tatuagem no Monte Cristo, na região continental de Florianópolis, quando a escuridão, seguida de um estouro, tomou conta do bairro por volta das 19h desta sexta-feira. Em frente a entrada principal do conjunto habitacional Panorama, um ônibus da empresa Estrela ardia em chamas. Testemunhas disseram que o ataque foi executado por dois jovens com máscaras de enfermeiro.
Os criminosos entraram no coletivo armados e pediram que todos deixassem o veículo, logo em seguida estilhaçaram uma garrafa de vidro com combustível e atearam fogo. Ninguém ficou ferido. Os autores fugiram a pé. Pelo menos outros dois atentados semelhantes foram registrados no Sul do Estado.
A Polícia Militar diz que é cedo para relacionar os casos com a tensão dentro das cadeias, onde agentes penitenciários estão em greve há 20 dias. Também não há confirmações oficiais de que, assim como em novembro de 2011 e na onda de violência em janeiro de 2013, os ataques teriam sido autorizados de dentro das prisões.
Alexandro Maurino Espíndola, 33, motorista da linha Monte Cristo, que deixou o Terminam Central às 18h20, disse que não olhou para os criminosos e apenas atendeu às ordens. “Eles entraram e mandaram todo mundo descer, estávamos no ponto final e já não tinha quase ninguém no ônibus. Eu logo sai correndo e não tive nem tempo de ver quantos eram”, conta o condutor. As chamas destruíram o veículo completamente. O extintor de incêndio sequer chegou a ser sacado. O fogo atingiu também a rede elétrica do bairro deixando a maior parte do Monte Cristo sem luz. A Polícia Militar esteve no loca e fez buscas na região, mas não encontrou os suspeitos.
No Sul do Estado, em Criciúma, pelo menos outros dois ônibus foram incendiados de maneira parecida. Por volta das 18h30, um coletivo da empresa Expresso Forquilhinha foi incendiado no bairro Mina União. Pelo menos três criminosos teriam participado da ação. Horas mais tarde, outro coletivo foi incendiado no bairro Vila Manaus, por volta das 20h. Em nenhum dos dois casos os suspeitos foram detidos.
Polícia não relaciona casos com atentados liderados por presos
A Secretaria de Segurança de Santa Catarina informou que ainda busca informações. Conforme a assessoria de imprensa da pasta, há um plano de combate a essas ações criminosas. A comunicação da Polícia Militar afirma que ainda não tem reconhecimento do correlacionamento entre os casos de atentados de incêndio contra os ônibus. “É muito recente para fazermos qualquer colocação, pois seria precipitado. Estamos preparados para as ações preventivas necessárias, mas temos que aguardar as próximas horas para fazermos uma análise do que está acontecendo. A Polícia Civil já começou a investigar os casos e a população não precisa ficar em alarde”, relatou a tenente-coronel da PM Claudete Lehmkuhl.
Segundo o major Sandro Cardozo Mendonça, responsável pelo bairro Monte Cristo, região da Capital onde ocorreu o atentado, as buscas foram intensificadas. “Tivemos algumas informações e já temos suspeitos de terem cometido o crime. Estamos intensificando tanto às buscas quanto as rondas nas mediações, para também prevenirmos possíveis ações futuras”, concluiu.
Três ônibus queimados em Criciúma
Durante a madrugada desta sábado, dia 04, a Grande Florianópolis não registrou nenhuma ocorrência de ataque. Em Criciúma, onde dois ônibus haviam sido incendiados à noite, um veículo da empresa Damyller, estacionado em frente a casa do motorista, foi queimado por volta da meia-noite, na Vila São Sebastião. Ninguém ficou ferido.
Na manhã deste sábado, as ocorrências continuam sendo tratadas pelas polícias Militar e Civil como atos isolados de vandalismo. “Até agora não tem nenhum salve e nenhuma informação dos setores de inteligência de que são atos criminosos e sim de vandalismo”, comentou a tenente-coronel da PM Claudete Lehmkuhl.
Segundo ela, não estão descartadas a relação dos atos com a rebelião no presídio Santa Augusta em Criciúma, ou com a greve dos agentes prisionais, suspensa por 48 horas depois de três semanas de paralisação. “Ontem foi um dia de muita tensão e isso pode ter levado a uma atitude isolada, mas só no decorrer do dia teremos essa resposta”, reitera.
(Notícias do Dia Online, 05/04/2014)