01 abr Acusada pela Polícia Federal, professora da UFSC diz que não foi o estopim da violência no campus
Professores e alunos do CFH (Centro de Filosofia Ciências Humanas) da UFSC se reuniram na tarde desta segunda-feira para prestar apoio à vice-diretora do CFH, Sônia Weidner Maluf, 53 anos. Ela é acusada pela Polícia Federal de ter começado o tumulto no dia 25 de março (vídeo divulgado pela PF mostra a professora sentada no capô da viatura, impedido a saída dos policiais do campus). “Sentei no carro e sentaria novamente em defesa da legalidade”, disse professora aos demais alunos e educadores presentes ao ato de repúdio, no hall do CFH.
Após o encontro, Sônia falou ao Notícias do Dia sobre os acontecimentos daquela tarde. A vice-presidente do CFH contou que estava reunida com outros professores quando alunos nervosos comunicaram que “homens à paisana” estavam revistando mochilas. “Viemos acabar com a Amsterdã da UFSC, foi o que os policiais me disseram quando questionei a ação deles. Então pedi mandado e que explicassem o que faziam. Nesse momento percebi que algo estava errado. Até porque eles disseram que precisavam levar alguém preso”, relatou.
A professora lembrou que enquanto negociava com os agentes federais (sentada no capô do carro usado pela PF), tentava ligar para a reitora. “Percebi que tinha que agir. Que tecnicamente se tratava de um sequestro. Tratava-se de um carro sem identificação, de um policial sem identificação com um aluno que poderia ser menor de idade, sendo levado para sabe-se lá onde”, relatou, ao lembrar que em dez minutos a PM estava no local e em mais dez minutos a Tropa de Choque da PM chegou com gás lacrimogêneo e balas de borracha. “Os alunos não entraram em confronto antes da Tropa de Choque”, disse.
“Não fui estopim daquela truculência. Não insuflei os estudantes ao desacato. Não desacatei os agentes. Eu sim fui desrespeitada e agredida. Minha ação não foi ilegal, a deles sim”, desabafou, ao lamentar que não tenha registrado boletim de ocorrência. Sônia lembra que tem recebido intenso apoio de professores e alunos. “Atacaram minha imagem, meus 28 anos de UFSC e o pior, de modo ilegal. Eles jogam bomba, quebram carro, disparam balas de borracha e eu sou a culpada? Espero que uma investigação detalhada aponte os culpados por essa ação. A UFSC é maior que tudo isso”, completou.
Alunos de odontologia entram em greve
Estudantes do curso de odontologia da UFSC decidiram não participar mais das aulas em sala e nas clínicas odontológicas até que tenham condições de atender à população adequadamente. Eles entregaram as chaves das clínicas à reitora Roselane Neckel durante um manifesto na reitoria, na manhã desta segunda-feira. “O movimento é para reivindicar a instalação provisória das autoclaves, para esterilização dos materiais, a contratação temporária de dez funcionários para atuar nas clínicas e almoxarifados e a aquisição de materiais de consumo, porque o que tem está vencido e sem condições de uso”, disse a estudante da 10ª fase e líder da manifestação, Ligia Miranda.
A reitora da USFC recebeu as chaves das mãos de Ligia e entregou a discussão aos pró-reitores de planejamento, de administração e de graduação. Aos estudantes eles relataram que apresentarão um cronograma de obras após uma visita às clínicas odontológicas e que o andamento dos trabalhos será então repassado via redes sociais.
A declaração causou protesto. A cada mês mais de duas mil pessoas são atendidas pelos estudantes com acompanhamento dos professores.
(Notícias do Dia Online, 31/03/2014)