19 mar Moradoras pintam faixa de pedestres na rua Romualdo de Barros, na Carvoeira, em Florianópolis
Com tinta branca, rolo e cones emprestados de uma farmácia, duas senhoras decidiram pintar a faixa de pedestres que estava desgastada em frente a suas casas. Cansadas de esperar por uma providência da prefeitura, elas juntaram dinheiro com vizinhos próximos e decidiram fazer a pintura da rua Romualdo de Barros, na Carvoeira, por conta própria na última sexta-feira.
“Ligamos para a prefeitura e eles disseram que só poderiam vir aqui pintar depois da Copa do Mundo (em julho), então decidimos fazer nós mesmas”, conta Ilma Maria Marcos, 76 , que mora há 49 na mesma casa.
Ela já foi atropela em cima da faixa de pedestres e a vizinha que a ajudou a pintar a faixa, Delina, quase foi atingida por uma moto no último mês. Cansadas da insegurança no local, da falta de respeito das pessoas em não parar para os pedestres e do descaso da prefeitura com a faixa desgastada, as duas decidiram parar o trânsito na sexta-feira à noite e finalizar o trabalho.
“Pegamos um rolinho e seguimos as linhas que já tinha no chão. Fomos das 22h até as 2h20 . Compramos uma latinha de um quilo de tinta específica para isso, diluímos na água e terminamos”, revela Ilma, que atravessa a faixa todo dia para fazer compras no mercado em frente a sua casa.
Do alto dos prédios e casas, os moradores da região registraram a cena curiosa. Uma foto de Ilma e Delina pintando a faixa circulou pela internet e fez sucesso. Mas, apesar de elogiarem a boa iniciativa das duas, há também a preocupação com uma ação deste tipo.
“O objetivo principal era melhorar a segurança mas, para isso, elas mesmas se arriscaram. Fiquei preocupada, pois são duas senhoras. Foi uma atitude plausível, mas desesperada também”, diz Rarietty Marques Vieira, de 28 anos, que, junto com a prima, fotografou as duas senhoras.
Comerciantes aprovam, mas temeram pelas duas
Os moradores e comerciantes locais aprovaram a atitude de Ilma e Delina, mas também frisaram que é preciso ter cautela ao fazer algo deste tipo.
“Gostei do que elas fizeram, mas é preocupante. Infelizmente, mesmo pintando a faixa, as pessoas não respeitam”, diz Simone Zandona, proprietária do Appetite Restaurante Grill.
Lindamare Porcidonio, 21 , funcionária do mercado Espaço + Saudável, conhece Ilma desde que nasceu e atende ela todos os dias no mercado. Por isso, ficou preocupada quando soube o que ela fez.
“Foi uma atitude radical. Dona Ilma é uma pessoa bem alegre, não para em casa, gosta de passear e atravessa a faixa de pedestres todos os dias para vir aqui. O que ela fez era necessário, mas a prefeitura que deveria ter feito isso”, diz Lindamare.
Ipuf diz que atitude não deve ser imitada
De acordo com Adriano Melo, diretor de trânsito do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) a atitude de Ilma e Delina é arriscada e não deve ser repetida por outras pessoas.
O Ipuf tem uma equipe específica para cuidar da sinalização do trânsito na Capital mas, mesmo assim, a equipe é pequena diante da grande demanda.
“Estamos estruturando a equipe, que hoje é de cinco pessoas, e teremos dez pessoas trabalhando com isso. O que elas fizeram é de responsabilidade do município e de uma equipe técnica, especializada para isso”, diz ele.
Segundo Adriano, quando houver casos de falta de sinalização ou em más condições, o Ipuf deve ser contato pelo telefone (48) 3212-5710 ou pelo e-mail contatoipuf@pmf.sc.gov.br.
(ND Online, 18/03/2014)