10 fev Famílias rurais invadidas e sem solidariedade
(Artigo por José Zeferino Pedroso* , DC, 10/02/2014)
Por que a invasão de sem-tetos e indígenas em terreno urbano, na SC-401, em Florianópolis, foi alvo da indignação geral e de repúdio das instituições da sociedade civil, enquanto as invasões de indígenas e sem-terras às propriedades rurais produtivas da zona rural catarinense permanecem ignoradas? As invasões no campo geram agonia sem fim para centenas de famílias rurais cujas propriedades foram esbulhadas ou estão sob ameaça de invasão por grupos que se denominam indígenas. Apesar da importância das famílias rurais na produção de alimentos, a população urbana tem dificuldade em se solidarizar e apoiá-las.
O produtor rural brasileiro gera o melhor e mais barato alimento do mundo. Foi esse trabalhador que, em 2013, salvou a economia ao sustentar quase R$ 100 bilhões em exportações. Mesmo assim, quando sofre a injustiça das invasões em terras produtivas, a família rural sempre fica sozinha. O Oeste vive clima de tensão há anos, quando o governo federal decidiu criar novas áreas indígenas em Saudades e Abelardo Luz e ampliar as de Ipuaçu e Seara, colocando mais de 500 famílias em desespero e milhares de outras em alerta por estarem próximas a áreas mapeadas por ONGs para transformação em reservas indígenas.
O episódio mais recente é a tentativa de criação de uma nova área indígena em Linha Gamelão, em Chapecó. As famílias atingidas têm a posse pacífica e a titulação da propriedade das terras há mais de 70 anos. A ONG Arpinsul e a Funai estariam propondo a criação de uma reserva com 28 mil hectares. A história de SC está repleta de casos de famílias rurais, possuidoras e proprietárias de imóveis rurais adquiridos de forma legal e legítima há várias gerações que perdem injustamente seu patrimônio em ações da Funai. Nunca nesses casos houve solidariedade da sociedade urbana, apenas das entidades do agronegócio.
As invasões no campo geram uma agonia sem fim para centenas de famílias rurais que estão sob ameaças de grupos que se denominam indígenas.
*PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DE SC. MORADOR DE ERVAL VELHO