11 dez Projeto piloto leva inovação e sustentabilidade para escola pública de Florianópolis
Traçar alternativas educacionais que atraiam as novas gerações é um dos grandes desafios da escola contemporânea. Há muito constatou-se que aquele modelo que coloca o professor como detentor do conhecimento, numa forma verticalizada e unilateral de ensino, não gera aprendizado efetivo e crítico. Nesse sentido, surgem cada vez mais projetos, de iniciativas públicas e privadas, que primam pelo ensino interativo e criativo, com o foco na experiência do aluno com a realidade na qual está incluído e com o objeto de estudo.
Um bom exemplo disso é o desafio que a secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Lucia Dellagnelo, lançou ao corpo de diretores do Centro Educacional Marista Lúcia Mayvorne, à Secretaria de Educação e à Fundação Certi de uma educação sustentável, baseada na inovação e criatividade.
Entre julho e novembro deste ano, a escola situada no Mont Serrat desenvolveu o projeto piloto Educação TEC, que estimula o ensino por outras óticas e ferramentas, invertendo a lógica tradicional de ensino, tornando o ambiente naturalmente atrativo. O resultado da experimentação foi apresentado nesta terça-feira (10), na escola que é administrada pela Congregação Marista em parceria com o governo do Estado.
O secretário de Desenvolvimento, Paulo Bornhausen, e o secretário de Educação, Eduardo Deschamps, conheceram os resultados do projeto piloto que trabalhou com 135 estudantes dos 6º e 7º anos, e 8ª série. “Existe um descompasso entre quem é o jovem de hoje e o que a escola lhe oferece. Este é um modelo sustentável que poderá ser reproduzido em outras escolas”, contou, antes de apresentar as instalações das duas salas que foram preparadas para as aulas.
No eixo principal da educação sustentável está a metodologia do pensamento criativo, que possibilita muito mais que a acessibilidade às novas tecnologia, o pensamento crítico e criativo sobre estas ferramentas. “Se não mudarmos a educação, o Brasil não muda. O projeto é bastante ousado, mas nossa meta é implantá-lo em todas as escolas públicas estaduais”, prometeu Paulo Bornhausen. O projeto piloto custou R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. No entanto, o custo para implantar o mesmo projeto em outras escolas deve ficar bem abaixo.
Em dois ambientes, a Sala de Criação Digital e a Sala de Prototipação, os alunos do Centro Educacional Marista Lúcia Mayvorne desenvolveram atividades ligadas a água, lixo entre outros temas que foram identificados nas comunidades Mont Serrat e Alto da Caieira. Os laboratórios são equipados com lousa digital, notebooks, tablets, e estão preparadas para produção de audiovisual, equipadas com câmeras digitais de alta resolução e material para gravação de áudios, por exemplo.
A estratégia pedagógica prevê cinco etapas para conclusão de um projeto, colocando alunos de todas as séries em contato com métodos avançados de pesquisas. Nas salas de aulas, os alunos têm mobiliário diferenciado, que possibilitam diferentes formas de se reunirem durante as aulas. Na esteira, o programa também proporciona a capacitação dos professores para o novo modelo de ensino.
O projeto Educação TEC propõe inovação em quatro dimensões: conteúdo, estratégia pedagógica, formação de educadores e espaços de ensino e aprendizagem. “A estratégia que compõe o pensamento criativo inclui identificação, aprofundamento, definição, experimentação e implantação. Na última etapa, a solução é transformada em algo funcional para a comunidade”, explica Lucia Dellagnelo, dizendo que o projeto tem base em modernas metodologias colhidas tanto no Brasil quanto em outros lugares, como no Vale do Silício.
Presente no evento, a juíza Brigitte Remor de Souza May, da Vara da Infância e da Juventude, elogiou o programa: “A educação é a base primordial de tudo. O que tenho visto é que a escola não é atrativa e que 90% dos jovens que cometem ato infracional não estão estudando. Esta é uma nova maneira de mostrar a importância do ensino aos jovens”, declarou a juíza.
(ND, 11/12/2013)