Criatividade transforma lixo em novos produtos

Criatividade transforma lixo em novos produtos

Pela primeira vez em Santa Catarina, projetos sociais e de sustentabilidade de todo o Estado receberam até R$ 300 mil cada para a compra de equipamentos e expansão. O projeto, chamado de Economia Verde e Solidária, somou R$ 20 milhões em recursos do BNDES e do governo estadual. Ontem, 43 iniciativas que integram o programa foram homenageadas na Casa D’Agronômica, em Florianópolis.

Cooperativas e associações que trabalham com a reciclagem de resíduos sólidos e geram emprego e renda foram contempladas. O comitê gestor, presidido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, analisou 145 inscrições, das quais 43 foram escolhidas.

O investimento dos quase R$ 300 mil por projeto, disponibilizados pelo BNDES a fundo perdido, será acompanhado de uma consultoria técnica do Sebrae.

De acordo com Lúcia Dellagnelo, secretária adjunta da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, os projetos sociais que utilizam resíduos sólidos têm pelo menos dois fortes impactos na economia do Estado como um todo.

– Estas cooperativas e associações criam novas cadeias produtivas a partir dos resíduos de outras cadeias. Elas também empregam pessoas que teriam dificuldades em entrar no mercado de trabalho – diz.

A Associação de Artistas Artesãos e Produtores Rurais de Campo Alegre, no Planalto Norte, com 27 colaboradores foi o projeto com maior pontuação. Eles usam materiais plásticos, tecidos, madeira, latas e papel para criar produtos como brinquedos e artigos de decoração.

Cada associado produz em casa e os produtos são vendidos na loja da associação. O valor de aproximadamente R$ 300 mil recebido pelo projeto será investido em uma casa para os artesãos e novos equipamentos.

 

Reciclagem e inclusão

O projeto começou há 14 anos, quando pais de portadores de deficiência intelectual de Florianópolis reuniram-se para criar uma atividade de inserção no mercado de trabalho para os seus filhos. Hoje, 42 pessoas com autismo e síndrome de down, maiores de 18 anos, trabalham no bairro Estreito, na Capital, transformando papel reciclado em produtos de papelaria, como agendas, blocos, envelopes, calendários, além de bolsas e embalagens. O salário de cada um dos colaboradores da cooperativa, que não tem fins lucrativos, varia entre R$ 800 e R$ 1,2 mil.

 

Vidro que vira cerâmica

O projeto foi fundado em 2002 no município de Morro da Fumaça, no Sul do Estado, e utiliza sucata de vidro como matéria-prima para a confecção de panelas, pratos, copos, vasos decorativos, quadros e esculturas de cerâmica. O presidente Antônio César de Medeiros explica que o pó de vidro usado no trabalho substitui o quartzo comumente usado na indústria cerâmica. Os R$ 271 mil recebidos no projeto vão ser investidos em equipamentos e em uma sede própria. Hoje, a produção é feita em um local emprestado.
 

Na onda ecológica

Em 2011, a surfista Carolina Scorsin conheceu Jairo Lumertz, que havia criado no Havaí, em 2007, uma prancha de surfe de garrafas pet. Os dois começaram a namorar e ela teve a ideia de transformar a iniciativa em projeto social. Em dois anos, os empreendedores visitaram mais de 100 escolas públicas de seis Estados e ensinaram crianças a fabricar a prancha ecológica e surfar com ela. O projeto ganhou quase R$ 228 mil do Economia Verde, que serão usados na construção de um galpão em Garopaba e na compra de um caminhão para coletar as garrafas pet.

(DC, 12/12/2013)