20 nov Mobilidade cósmica e lições de vida, por Gilberto dos Passos Aguiar
(Artigo, DC, 20/11/2013)
Algumas lições de vida estão onde menos procuramos. Problemas como mobilidade urbana e sustentabilidade ganham numerosos exemplos de sucesso no ambiente natural. Os peixes reúnem-se em cardumes, as aves em bandos, as abelhas nas colmeias. Em movimentos coletivos, dividem-se para contornar obstáculos. Segregados em seus habitats, evitam colisões e articulam-se com precisão, em sincronia.
Nós humanos somos da mesma poeira cósmica. Entre centenas de milhares de galáxias, somos provavelmente a única vida consciente da Via Láctea no habitat planeta Terra. Enquanto isso, em harmonia silenciosa, flui um universo em expansão com bilhões de estrelas. Dito isso, como ainda é possível não descobrirmos uma forma inteligente de administrar os problemas criados pela própria civilização?
Se buscarmos soluções lineares, tentando montar peças isoladas como num jogo de Lego, estaremos fadados ao fracasso. Nas metrópoles o caminho é a atuação cooperativa, tal qual acontece na natureza. As aglomerações urbanas são organismos vivos e complexos, não evoluem uniformemente.
A própria mobilidade precisa ser pensada integrando vários modais – bicicletas, automóveis, coletivos, transporte aquático – no caso das zonas litorâneas ou lacustres. Já as tecnologias limpas, o uso inteligente de materiais construtivos de baixo impacto ambiental e a reciclagem deverão traduzir a nova face da sustentabilidade.
Como nos diz o filósofo e professor norte-americano Donald Norman:
“A chave está em priorizar o fator humano, nosso comportamento, na hora de projetar aparelhos que devem facilitar o nosso cotidiano em vez de nos tornar reféns de nossas próprias criações”.