05 ago Transporte coletivo na Capital: “As planilhas são uma caixa-preta”
Especialista em gestão, o pós-doutor pela Manchester Business School e professor da Escola de Administração da FGV fala sobre a complexidade do sistema usado para contabilizar os custos do transporte e diz ter dúvidas quanto ao acúmulo de prejuízos argumentado pelas empresas de transporte coletivo em Florianópolis.
Diário Catarinense – É possível empresas sobreviverem a prejuízos mensais milionários?
Rafael Alcadipani – Empresas podem ter prejuízos e conseguir lidar com isso, depende muito das condições da empresa em conseguir financiamento e outras variáveis que podem garantir a sobrevida.
DC – Mas onde estaria o problema do atual sistema de transporte?
Alcadipani – O problema é quando esses prejuízos se tornam frequentes, como se observa em Florianópolis. Soa estranho, quase que como caridade por parte dos empresários. O que não é cabível ao capitalismo, já que uma empresa vive de lucro (mesmo prestando um serviço público). A situação é complicada e merece acompanhamento.
DC – Qual a sua opinião sobre os modelos de planilhas de custo do transporte?
Alcadipani – Essas planilhas do transporte público são uma verdadeira caixa-preta. E isso é em todo o país, não é uma exclusividade de Florianópolis. Vem de um sistema antigo de cálculo, complexas de se entender. E por serem confusas geram dúvidas, principalmente em casos de prejuízo milionário. Se isso for verdade, alguém está pagando essa conta. Primeiro precisa se ter certeza se isso é verdade e depois descobrir quem está pagando essa conta. O ideal é que seja feita uma auditoria independente, sem ligação com o governo.
(DC, 04/08/2013)