Alternativas para o setor náutico

Alternativas para o setor náutico

O navegador Amyr Klink, Christophe Vieux, diretor francês do maior salão náutico da Europa – o Grand Pavois –, e o velejador catarinense Vilfredo Schürmann tiveram que desembarcar em Florianópolis de avião, pois a cidade não possui infraestrutura suficiente para o estacionamento de barcos.
Os apaixonados pelo mar contestaram essa condição e levaram ontem à Capital exemplos de exploração moderna do potencial náutico, em um debate realizado ontem.
Em contrapartida às críticas dos especialistas pela falta de infraestrutura, a prefeitura de Florianópolis prometeu, durante o evento, lançar em setembro um projeto mais amplo junto com a apresentação do plano diretor e o Projeto Orla. De acordo com o prefeito Cesar Souza Jr., estão em processo de estruturação para construção em 2014, a instalação de três novas marinas na cidade, localizadas nas baías sul e norte, além do Norte da Ilha.
Referências internacionais para melhoria local
Entre os exemplos internacionais, Christophe Vieux citou a Cidade do Cabo, na África do Sul, que após a criação de um porto, assumiu 40% do movimento financeiro do continente africano.
– Vocês estão perdendo tempo. São 70 mil barcos no Brasil todo, contra 1 milhão na França, que é um país muito menor. A base do desenvolvimento está interligada às infraestruturas construídas de acordo com o potencial local.
(DC, 28/08/2013)
 
“Perdemos a conexão com o mar”
Para o navegador paulista e autor de diversas expedições marítimas Amyr Klink, a principal dificuldade para investimentos no setor náutico é cultural. Em entrevista ao DC, ele fala sobre os exemplos de Paraty (RJ) para a Capital e a necessidade de um trabalho conjunto entre a população e órgãos públicos.
Diário Catarinense – Quais as principais dificuldades que o senhor vê nos investimentos para o potencial náutico de Florianópolis?
Amyr Klink – O principal é a dificuldade cultural, porque perdemos essa conexão natural com o mar, pelo fato das pessoas da cidade não fazerem uso dele e não terem contato com as condições técnicas adequadas.
DC – Que exemplo Florianópolis pode usar de Paraty (RJ)?
Klink – Em Paraty, a natureza foi tão generosa que a maior parte das baías são atracadores naturais, não é o caso de Florianópolis. Hoje, para montar um negócio de turismo e transporte eu teria que ter terminais tecnicamente desenhados para permitirem que não haja poluição e acidentes, que o cadeirante possa embarcar e que o pescador tenha acesso a água e gelo e possa se livrar rapidamente do descarte dele. Isso poderia ser feito tranquilamente por aqui.
DC – A legislação brasileira precisa ser modificada para que o potencial da cidade seja mais facilmente liberado?
Klink – Nós temos excesso de legislação. Também achamos que uma regra vale para todo o litoral. A lei não distingue as particularidades regionais. Eu acho que é preciso um trabalho conjunto entre o usuário e os órgãos: primeiro de informação técnica mostrando o benefício ambiental, depois social e econômico.
(DC, 28/08/2013)