18 jun O futuro de Floripa: a vocação criativa do turismo
Artigo de Eugênio Neto, Presidente do Florianópolis e Região Convention & Visitors Bureau (DC, 18/06/2013)
O turismo é um setor plural, que condensa várias áreas reunidas numa única identidade e que precisam conversar entre si. Florianópolis exibe-se como metrópole cheia de charme e como um dos destinos mais concorridos do país – mesmo com os incômodos que precisam ser encarados para seu saudável desenvolvimento. O que exige dos seus gestores diálogo permanente com setores público, privado e organizações não governamentais para olhar com mais atenção para o potencial que deve ser melhor aproveitado.
A ideia do turismo de lazer, que ainda permanece, há muito deixou de ser o fator fundamental para a movimentação do setor. Florianópolis vive um forte turismo de eventos que projeta a cidade internacionalmente, com preparo para atender a este mercado, contando com fornecedores qualificados, competitivos e com atuação no país inteiro. Mas ainda sofre com a infraestrutura precária dos equipamentos básicos – como a simples instalação de banheiros públicos.
A discussão em torno do turismo criativo, um tema ainda muito recente e que vai ter sua primeira conferência brasileira em outubro, em Porto Alegre, sugere a integração dos setores e do envolvimento da população. Todos podem virar agentes de turismo para promover a cidade e o que ela pode oferecer; e para proporcionar ao visitante o contato com novas experiências, convivências de forma ativa e que ele vai levar consigo ao voltar para casa. Iniciativas assim colaboram com o amadurecimento da identidade do destino que assiste anualmente ao desembarque de milhões de turistas.
Florianópolis já tem uma agenda ativa para o turismo de eventos, muitos deles conquistados através dos chamados “embaixadores” – profissionais de classe que atuam na conquista de eventos técnicos e científicos – que defendem a captação com o apoio do Convention Bureau. O próximo passo é olhar para este turista de eventos e promover o seu envolvimento com a cidade, direcionando-o para vivenciar algo significativo para ele em consonância com a cultura local.
Inovação não representa algo inatingível ou de alto custo. É uma percepção de coisas que possam contribuir para a construção de uma imagem capaz de surpreender, encantar, emocionar. Quando o turista visita a cidade e passa por experiências interessantes, agradáveis, com certeza ele vai dissipar esta vivência. E isto não significa gastos elevados, mas a disposição de buscar alternativas simples para promover essas sensações. A conexão de atuações vai desenhar o perfil do destino.
Paris, por exemplo, é uma cidade há muito consagrada como lugar turístico mundial consistente. Mas ainda se preocupa em intensificar o turismo criativo. E uma das apostas do governo municipal recentemente foi investir em atividades já fortalecidas, como moda, gastronomia, cinema, fotografia, com cursos e atividades afins que por si só atraem ainda mais visitantes e fomentam também a própria produção local.
Tudo isso abre um leque muito interessante. Representa uma boa renovação para a atividade, amplia ainda mais a cadeia de fornecedores e automaticamente gera oportunidades, renda e sempre excelentes resultados econômicos.
Uma cidade que deixa aflorar o turismo criativo abre espaço para a manifestação de comportamento, incentiva a melhor convivência do morador com o visitante e cria um vínculo mais honesto com o viver a cidade e seu patrimônio. Horizontalizar o turismo com as demais atividades que o complementam é trabalhar em harmonia com um novo momento do turismo, focado em experiências. Um conceito que vem se estabelecendo e criando identidade, motivando o turista com produtos alternativos, compensadores e eficientes.