22 maio Propostas de planejamento para Florianópolis
Uma cidade que preserve suas paisagens, que valorize sua orla, que direcione energias para criar parques urbanos e que estimule a humanização de seu centro histórico, Tudo isso aliado à valorização do transporte coletivo, marítimo e cicloviário, num município que tenha “a maior porcentagem de áreas urbanas preservadas do Brasil”.
Esta é, em linhas gerais, a cidade que está nos planos do prefeito Cesar Souza Júnior, através das linhas descritas pelo arquiteto Dalmo Vieira Filho, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e superintendente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), nas “Propostas de Planejamento Integrado”. Os projetos foram apresentados na noite de quinta-feira, 16, na segunda reunião do Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo.
Dalmo defende o uso das três pistas da ponte Hercílio Luz, depois de restaurada, apenas para o uso do transporte coletivo por ônibus, num sistema de linhas circulares cujo embarque e desembarque seja feito por meio de plataformas modernas, que garantam “segurança, agilidade e eficiência”.
Ele defende também que Florianópolis vire-se de frente para o mar e explore o transporte marítimo, com um terminal de embarque e desembarque sob a ponte e integrado ao Parque da Luz por intermédio de um túnel sob a avenida Beira-mar Norte, que levaria a um elevador.
Além do uso da ponte Hercílio Luz, o arquiteto defende a utilização de sistemas binários – ida por um caminho, volta por outro – nas áreas da Carvoeira/Pantanal, Córrego Grande/Santa Mônica e Trindade/Beira-mar para melhorar o fluxo de veículos.
“A diferença pode ser enorme e a cidade deve ganhar a trégua de que precisa para equacionar definitivamente seus problemas de trânsito”, disse Dalmo.
Do ponto de vista de ciclovias, o superintendente do IPUF disse que tem duas metas principais nas vias para uso cotidiano: complementar as ciclovias e ciclofaixas existentes na área central e criar a rede cicloviária da bacia do Córrego Grande, interligando a UFSC e a Udesc. Além disso, ele pensa nas ciclofaixas “de domingo”, ou “de passeio”, quando vias normais de trânsito de veículos têm sua destinação alterada em dias de menor fluxo.
Sobre o Plano Diretor, Dalmo Vieira Filho definiu-o como o documento que vai estabelecer “padrões de ocupação do território compatíveis com os valores sociais, o meio ambiente e o patrimônio cultural, proporcionando qualidade de vida para a população”.
Uma das preocupações do plano que está em elaboração, segundo ele, é com a proteção das encostas e mangues. “Se não forem tomadas medidas urgentes, em uma década as regiões estarão totalmente tomadas”, avaliou.
“O controle de ocupação nas encostas, que já vem sendo feito, é uma necessidade gritante, um verdadeiro desafio, que precisa ser tratado com autoridade, sensibilidade social, criatividade e perseverança.”
(PMF, 21/05/2013)
Para frente
Por Carlos Damião (ND, 21/05/2013)
Dando uma conferida no decreto municipal 11.578, do dia 16 deste mês, dá para perceber que o Plano Diretor de Florianópolis agora vai para frente. O documento reconstitui e regulamenta o Núcleo Gestor do Plano Diretor, com 30 representantes do poder público e da sociedade civil. As reuniões do núcleo serão mensais, o que vai provocar um novo adiamento quanto à remessa do documento à Câmara. Mas que, pelo menos, seja bem feito.
Complexo
O fato é que o Plano Diretor é muito complexo, envolve milhares de variáveis (e invariáveis) urbanas, não tem consenso em muitas comunidades e precisa atender, digamos, a uma média de interesses da Capital – desde que a cidade ganhe mecanismos de proteção que impeçam o crescimento desordenado e os excessos que percebemos nos últimos tempos. O positivo, pelo menos, é que o Núcleo está recriado. E isso já é um avanço.