Atuneiros invadem área em defeso na Capital

Atuneiros invadem área em defeso na Capital

Enquanto safras de tainha cada vez mais magras se sucedem desde 2009 em Santa Catarina, cresce a ameaça à pesca artesanal, patrimônio histórico e cultural do Estado. Embarcações industriais burlam a regulamentação do Ibama e invadem áreas a menos de 800 metros da costa para a captura de iscas, quando a época é de preparação para a pesca de arrasto.

Um flagrante da reportagem do Diário Catarinense feito na última quinta-feira na Barra da Lagoa, em Florianópolis, foi entregue às autoridades ambientais, que confirmaram o desrespeito às normas. As embarcações tinham redes para capturar iscas vivas, utilizadas na pesca do atum.

– Pela imagem, eles (barcos) estão a cerca de 200 metros da costa. Vamos tentar localizar os responsáveis e chamá-los para esclarecimentos – informou o major Jardel Silva, da 1a Companhia da Polícia Militar Ambiental, na Capital.

A proibição se dá porque a movimentação na água impede a aproximação de cardumes de tainha da praia, inviabilizando a pesca com redes de arrasto e pequenos barcos a remo.

As imagens registradas no amanhecer do dia 2 de maio não servem para a autuação e, conforme a PM Ambiental, as cenas ilegais são corriqueiras e difíceis de se combater por falta de fiscais.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), o Ibama e a Polícia Militar Ambiental confirmaram que as embarcações vistas na Barra da Lagoa eram atuneiros e que a captura de iscas vivas está proibida até 31 de julho. Em caso de flagrante, embarcações e redes seriam apreendidas e o dono receberia multa.

A constatação do chefe de fiscalização do Ibama, Carlos Vinícius Ferreira, justifica a ousadia dos condutores de embarcações industriais:

– Não temos como mandar alguém à praia para o flagrante. Precisaríamos de um exército de fiscais.

O Ibama proíbe a pesca a menos de 800 metros da costa com redes e captura de isca viva de 1o de maio a 31 de julho.

O que dizem as empresas

As duas embarcações que faziam pesca ilegal em Florianópolis na última quinta-feira pertencem a armadores diferentes, ambos de Navegantes. O Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) informou que o barco batizado de Adolpho José é da empresa Femepe. A embarcação chamada Águia Dourada XVII é propriedade de Gennaro Perciavalle.

Femepe

A empresa preferiu não se manifestar, porque desconhece qual procedimento o barco fazia naquele dia.

Gennaro Perciavalle

“Ninguém atendeu ao número fixo da empresa e o celular repassado pelo Sindipi estava desligado.”

(DC, 07/05/2013)