22 abr Um futuro mais verde custa caro
Por Fernando Clemente Cervone (Notícias do Dia, 22/04/2013)
Custo de R$ 15 por habitante/mês para manter a cidade limpa
Depende da questão de logística e de destino final de cada cidade, mas hoje no Brasil se está com custo na ordem de R$ 8 a R$ 15 por habitante por mês, considerando todos os serviços de limpeza pública. Há cidades onde o custo da limpeza pública chega a 10% ou 12% do orçamento municipal, em outras é um pouco menos.
Tendência é de aumento dos preços com nova lei
A limpeza pública já é umas das maiores contas das prefeituras e ainda é um serviço barato. Se levar em consideração outras cidades com características similares às brasileiras, por exemplo a Cidade do México, o custo por habitante/ano é da ordem de US$ 250. A cidade de Tóquio, com características um pouco diferentes das brasileiras, chega a US$ 1,4 mil por habitante/ano. Buenos Aires está na faixa de R$ 30 por habitante ao mês, mais parecido com a nossa realidade. A verdade é que os serviços de limpeza urbana no Brasil ainda estão baratos e os custos vão aumentar em função da nova lei de resíduos sólidos.
A velocidade do aumento depende do governo
A progressão vai depender de quanto o governo vai apertar os municípios porque, consequentemente, isso vai repercutir em preços. A tendência de custos em serviços de limpeza urbana é de aumento de preços. Se imagina chegar próximo aos níveis de Cidade do México, de US$ 250 por habitante/ ano ou por volta disso. Na verdade, hoje temos entre US$ 150 e US$ 160 ano no Brasil e vamos chegar a uns US$ 250. É o que imagino, sem conseguir precisar em qual velocidade isso vai ocorrer, porque vai depender das ações de governo.
Repartição do custo com quem produz o resíduo
Dentro da lei de resíduos sólidos tem a questão da logística reversa que já é uma primeira divisão de atribuições com a iniciativa privada. A partir de 2014 já começa, se não for prorrogada. Mas essa questão de repartir o custo com o gerador já está bem avançada em alguns municípios, principalmente no Rio de Janeiro que já tem uma estratégia bem montada em cima disso. Todos os comerciantes são considerados grandes geradores e pagam pelo tanto que produzem de resíduos. Os grandes geradores, não só shoppings, mas uma padaria, por exemplo, representam 15% de todo o lixo domiciliar.
Custo para ter um futuro mais verde
Há uma pressão ambiental para exigir um destino adequado aos resíduos, a destinação vai encarecer o processo como um todo, mas é um ônus que temos de pagar se quisermos ter um futuro mais verde. Não dá para fazer isso só na vontade, existe um custo.
É cada vez mais caro destinar o lixo
O que vem acontecendo hoje é um desequilíbrio nas operações de limpeza urbana, com o crescimento populacional e o aumento da geração de resíduos per capita e da demora no trânsito. Também há o agravante do peso específico do resíduo, que vem caindo muito. Está se produzindo mais lixo por habitante e o lixo fica cada vez mais leve, por conta do volume das embalagens. Nos anos 70, o peso por metro cúbico ficava entre 400 a 500 quilos, hoje não passa de 100 quilos, então se gasta muito mais para transportar uma tonelada.