Menos pesada, mas nem tanto

Menos pesada, mas nem tanto

Desde 15 de dezembro, está em vigor uma recomendação da Federação das Empresas de Transporte de SC para que caminhões não circulem na BR-101 Sul nos horário de pico no fim de semana. A reportagem do DC fez, ontem à tarde, uma contagem dos veículos pesados que passaram por Palhoça. E foram observados 307 em uma hora.

Com apenas mais dez dias em vigor, a recomendação da Federação das Empresas do Transporte de Carga e Logística de SC (Fetrancesc) para que os caminhoneiros não trafegassem pela BR-101 Sul em horários críticos da alta temporada parece que pouco surtiu efeito nas estradas. Válida desde 15 de dezembro, a medida deveria funcionar às sextas-feiras e aos domingos das 14h às 22h. Porém, ontem, das16h42min e às 17h42min, a reportagem contou 307 caminhões na BR-101 em Palhoça.

Há cerca de 50 dias, quando a recomendação foi divulgada, a promessa era de que ela poderia retirar 20 mil veículos pesados de circulação por dia. Mas ontem, o presidente da Fetrancesc, Paulo Lopes, afirmou que a meta não seria tão audaciosa.

BALANÇO SERÁ DIVULGADO DIA 28

Segundo ele, se apenas 10% dos 13 mil caminhões que passam pela rodovia diariamente seguissem a recomendação, a classe já teria colaborado com a mobilidade neste verão. Lopes não soube informar se a iniciativa de fato contribuiu com o trânsito, resposta que a federação pretende divulgar depois de 28 de janeiro.

Mas o que se percebeu ontem foi muito movimento, trechos com trânsito lento e automóveis pequenos dividindo espaço com caminhões. Das 16h42min às 17h42min, horário crítico, o fluxo foi grande.

– Os caminhões representam só 30% do fluxo de veículos da BR-101 Sul e a retirada deles por si só não resolve o problema. O que fizemos foi uma colaboração, o foco não era melhorar o trânsito, era aumentar a segurança dos caminhoneiros – afirma Lopes.

(DC, 21/01/2013)

Medida é alvo de críticas

O caminhoneiro Luís Paulo Sobrado soube pela primeira vez da recomendação na tarde de ontem ao conversar com a reportagem do DC. Segundo ele, na empresa em que trabalha, ninguém comentou o assunto. Para o caminhoneiro, qualquer dia da semana é dia para trabalhar. Não sair em horário de pico, como o das 14h às 22h é um hábito dele, mas que costuma seguir quando pode.

– Se devo evitar a estrada em horário de pico vou ficar parado onde? Não temos lugar para isso. Para mim, de nada ainda esta recomendação a menos que a gente receba apoio. Só pedir é fácil.

Paulo D’avila, que trabalha em uma empresa do Paraná também conta que nunca ouviu falar na medida e quando soube dela ontem, não gostou nada.

– Sem o nosso serviço, as cidades e os estados não teriam combustível, comida ou vestuário. Somos nós quem transportamos tudo isso e precisamos deixar a estrada neste horário. Já quem trafega de carro, sozinho pela BR-101 para ir ao shopping que fica a 15 minutos de casa, aí esse pode. Não é por aí que vamos resolver os problemas, nem de sobrecarga, nem de segurança e muitos menos de mobilidade.

(DC, 21/01/2013)

“Estradas precisam se adequar”

Entrevista: Pedro Lopes/Presidente da Fetrancesc
A Fetrancesc acredita que boa parte dos motoristas seguiu a recomendação.

Diário Catarinense – A recomendação surtiu efeito?

Pedro Lopes – Não temos números. Vamos solicitar o fluxo de veículos e acidentes para as polícias rodoviárias e para a concessionária OHL (responsável pela rodovia). Assim, saberemos qual foi o resultado. Mas acredito que boa parte dos motoristas seguiu a recomendação.

DC – A recomendação encerra dia 31. Há intenção de estender o prazo ou transformar a medida em lei?

Lopes – De maneira nenhuma. O que estamos pensando é de estender até o fim do Carnaval, mas sempre, jamais. Não são os motoristas que precisam se adequar ao movimentos das estradas. É elas que precisam se encaixar no movimento.

DC – Muitos caminhoneiros dizem desconhecer a recomendação. Como foi realizada a divulgação da força-tarefa?

Lopes – Emitimos para entidades do Estado, do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde a relação financeira é maior. Pedimos para que as polícias rodoviárias nos ajudassem orientando os motoristas. E a mídia também nos ajudou quando iniciamos com a medida, o que já causou bastante repercussão.

(DC, 21/01/2013)

Acidentes e filas

Além de contribuirem com os congestionamentos, os caminhões – por seu tamanho e por levarem carga – costumam provocar acidentes que causam muitos transtornos na rodovia.

Foi o que aconteceu no sábado, em Penha, quando uma carreta colidiu contra a estrutura de uma passarela de pedestres.

No momento mais crítico, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o congestionamento no sentido Norte da BR-101 chegou a 40 quilômetros às 17h. Às 19h30min, quando as duas pistas foram liberadas, o trânsito começou a fluir e a fila diminuiu para 25 quilômetros.

O congestionamento começou a se formar durante o dia. Duas pistas naquele sentido tiveram de ser interditadas para a retirada de uma viga da passarela no km 108,1, que ficou danificada. A remoção só foi concluída às 19h30min.

Os motoristas tiveram que trafegar por um desvio durante todo o dia. Alguns usaram a balsa, entre Itajaí e Navegantes. Três guindastes e cerca de 50 pessoas trabalharam para remover a viga atingida pela carreta. A pista Sul da BR-101 também foi fechada em alguns momentos.

(DC, 21/01/2013)