12 dez O contorno viário de Florianópolis
Artigo escrito por Sílvio Prado – Arquiteto, urbanista e professor da Unisul (DC, 12/12/2012)
Clementino, cidadão simplório, viveu eternamente noivo na antiga Florianópolis; no imaginário, sempre desejando o casamento, mofou com a pomba na balaia, morreu noivo. O caso do contorno viário de Florianópolis, não fora a infeliz coincidência de infindáveis reuniões, sem solução prática, parece não encontrar final feliz; vai morrer tal qual Clementino: sonhando.
O início de tudo se deu em 1998, com o trajeto original de 47 quilômetros que foi projetado pelo DNER (atual Dnit) e deveria ter sido construído com a duplicação da BR-101. Passado o tempo e o abandono da ideia e da obra, esta foi incluída no pacote de concessão para a Autopista Litoral do trecho da BR-101 em Santa Catarina.
Para diminuir custos, a empresa apresentou projeto encurtando o anel viário em para 24 quilômetros. O trajeto inicial era para ter início no km 175, em Biguaçu, terminando depois do Rio Cubatão, em Palhoça. O projeto encurtado, sem consulta às autoridades e municípios envolvidos, recebeu os aplausos da ANTT. Entra em campo a representação política do Estado, que, em conjunto com a sociedade civil, busca cobrar do governo a responsabilidade pela execução do trajeto original de 47 quilômetros.
Em Palhoça, um condomínio foi construído sobre o traçado original do contorno: quanta falta de responsabilidade dos gestores. Novas exaustivas reuniões em Brasília, parte dos relatórios do Ibama teriam sido realizados, volta tudo à estaca zero. Agora, novas decisões foram tomadas. Parece que Clementino vai finalmente casar em 2017, mas só se cumprir o seguinte: deve apresentar novo relatório de impacto ao Ibama. Feito isso, o novo projeto deverá ser protocolado em abril de 2013.
Se tudo der certo, as obras do contorno viário iniciarão em outubro do próximo ano, e estarão concluídas em 2017, quando finalmente Clementino vai casar.
O caso do contorno viário de Florianópolis parece não encontrar final feliz; vai morrer tal qual Clementino: sonhando.