07 dez Florianópolis e o crescimento populacional
Artigo escrito por Suzana Jardim Jorge Netto – Demógrafa em Florianópolis (DC, 07/12/2012)
Florianópolis teve crescimento acelerado nos últimos anos, o que gerou problemas de mobilidade. Além disso, mudanças urbanas têm alterado o perfil de bairros e vizinhanças, com ocupação desordenada inclusive de áreas de preservação. Se, por um lado, o crescimento populacional trouxe ganhos como o aumento da riqueza e a diversificação comercial e cultural, junto veio a valorização imobiliária, com a expulsão de moradores tradicionais. Diante disso, algumas pessoas imaginam utopias para conter o crescimento da área metropolitana, sobretudo da Ilha de Santa Catarina.
A Ilha vai continuar crescendo por uma razão simples: o número de domicílios aumenta muito mais do que a população. E quanto mais jovem a população, mais intenso esse processo. Imagine quatro famílias com três filhos pequenos cada uma e que morem em quatro casas. Alguns anos depois, as crianças se tornam adultas e casam entre si, demandando novas moradias. Onde antes havia 20 habitantes e quatro domicílios, agora há os mesmos 20 habitantes, só que morando em 10 casas.
Nesse exemplo, o crescimento demográfico foi 0%, mas o aumento nos domicílios foi de 150%. A projeção da população de Florianópolis com hipótese de migração zero, ou seja, de que ninguém de fora venha morar aqui, mostra uma demanda de 13,5 mil novos domicílios nos próximos 10 anos. Considerando-se que a alternativa de migração zero é impossível, pode-se estimar para os mesmos 10 anos em 37 mil a procura por novos domicílios. Ainda precisamos acrescentar a taxa de substituição de moradias e a necessidade de novos comércios e pode-se imaginar o crescimento dos próximos anos. Para o planejamento de Florianópolis é necessário que se faça o cuidadoso dimensionamento e espacialização desses números.