14 dez Além de poluída, Lagoa da Conceição também está assoreada
Carlos Rogério Poli, biólogo com doutorado em oceanografia biológica e pesqueira e professor aposentado da UFSC, tem certeza que o assoreamento é o grande mal da Lagoa da Conceição, bem mais sério que a poluição por esgoto. E aponta o canal da Barra como o maior transportador dos sedimentos acumulados no fundo, superando a ação do vento e eventuais erosões nas margens ocupadas.
“Antes de ser retificado, era um rio sinuoso que amortecia a força da água do mar e assoreava as próprias curvas. Com intervenção humana para viabilizar o tráfego de embarcações pesqueiras e de turismo, formou-se um canal praticamente retilíneo”, argumenta Poli. Pelos estudos dele, sem as curvas, os sedimentos arrastados pelas correntes do Litoral se acumulam nos molhes e são levados pelo canal até o leito da lagoa.
Segundo Poli, o canal pode ajudar na oxigenação, mas os efeitos do assoreamento serão irreversíveis. “Poluição se controla. Se reduzir a carga de nutrientes do esgoto, teremos lagoa limpa, o mar entra limpo. Mas se não forem criadas áreas onde estes sedimentos se acumulem antes de chegarem à lagoa, ela estará condenada à morte”, conclui.
Para ele, a dragagem seria um projeto caro e inócuo. “O material retirado certamente seria descartado no mar, de onde, se não houver correção no sistema de molhes, voltaria com as correntes”, garante.
Além do excesso de nitrogênio e fósforo e outros nutrientes levados pelo esgoto sem tratamento, o volume de embarcações navegando e de carros em trânsito no entorno também são nocivos à lagoa. Tintas e eventuais vazamentos de combustíveis também aceleram o processo de contaminação.
(ND, 14/12/2012)