Um brado pela nossa identidade

Um brado pela nossa identidade

Da coluna de Carlos Damião (ND, 01/11/2012)

Artigo do jornalista Laudelino José Sardá, publicado no ND desta quarta-feira (31/10), abriu uma discussão que alcançou as redes sociais – até que ponto Florianópolis não está precisando de uma sacudida geral, principalmente quanto à sua vida cultural? Sardá observou no artigo que a capital catarinense, com sua rica história, com o rico legado dos açorianos e outras etnias, marcha para se transformar numa “cidade sem rosto”, sem identidade, vitimada pelo desenvolvimento desenfreado e sem os cuidados que uma cidade histórica tão importante mereceria. A mensagem do jornalista, uma carta aberta dirigida ao prefeito eleito Cesar Souza Jr., é um manifesto intelectual de alguém, como tantos, ainda enxerga na moderna Florianópolis os traços de uma Desterro que foi a fonte de inspiração de artistas e escritores, como Victor Meirelles, Luis Delfino, Virgílio Várzea, Cruz e Sousa. Será triste, muito triste, se o jovem prefeito eleito Cesar Souza Jr. não se impressionar com o que escreveu Sardá no ND. Ainda que não seja possível fazer tudo, é possível, sim, devolver um mínimo da nossa fisionomia histórico-cultural a Florianópolis. Fisionomia que, por exemplo, os turistas buscam em cidades brasileiras como Salvador e São Luís.

Artificialismo

Temos em Santa Catarina um exemplo de cidade que vem perdendo progressivamente suas características de originalidade. Trata-se de Balneário Camboriú, onde prédios de 40 ou 50 anos, que de certa maneira representavam alguma referência urbana para os moradores e visitantes, vão ao chão para ceder lugar a mega empreendimentos, compondo um “paliteiro” de edifícios que emprestam um aspecto absolutamente artificial à paisagem local.