À sombra do trânsito

À sombra do trânsito

Propostas para facilitar a circulação de bicicletas em Florianópolis estão engavetadas há nove anos e legislação pioneira de mobilidade nem sempre é respeitada

Propostas não faltam para qualificar e ampliar o sistema cicloviário da Capital, o difícil é tirá-las do papel. No Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), o programa Rotas Inteligentes, que define traçados seguros para pedalar nos principais trajetos da cidade, existe desde 2003, mas, na prática, falta muito para a implantação da rede. Entre as principais metas está a sinalização adequada nas vias compartilhadas, o que se vê pouco na Capital.

O programa do Ipuf prevê pelo menos 46 rotas com ciclovias, ciclofaixas, vias e calçadas compartilhadas e conexões com as regiões. Mas apenas duas rotas estão completamente executadas: a da Beira-Mar Continental e a que fica entre a Beira-Mar Norte e UFSC. Uma das dificuldades começa no planejamento: apenas um técnico é responsável por pensar a malha cicloviária da cidade.

Para a coordenadora de projetos cicloviários do Ipuf, Vera Lúcia Gonçalves da Silva, a participação da população na luta por um sistema viário seguro é fundamental. Ela observa que, mesmo com a força que o tema ganhou nos últimos anos, ainda há os cidadãos que resistem. Um exemplo foi o abaixo-assinado com mais de 700 nomes que moradores e comerciantes entregaram à prefeitura para evitar a construção da ciclofaixa em parte da Avenida Hercílio Luz. A manifestação não surtiu efeito e a obra foi realizada.

– Se, nas últimas eleições, todos os candidatos a prefeito contaram com propostas cicloviárias em suas campanhas é porque a sociedade exige – afirma Vera Lúcia.

Lei obriga criação de vias ciclísticas

Ela lembra que Florianópolis foi pioneira na criação de legislação (Lei Complementar 078/2001) para o sistema cicloviário e uso da bicicleta. Entre as determinações, consta que nas implantações ou reformulações do sistema rodoviário na cidade, deveria ser implantado ciclofaixas, ciclovias ou, pelo menos, faixas compartilhadas com sinalização.

A regra é desrespeitada, a exemplo da criação da terceira faixa da SC-405, inaugurada no ano passado sem contemplar o sistema cicloviário. Após pressão dos moradores, o governo estadual prometeu construir uma ciclovia. A licitação foi aberta só em outubro e a obra está prevista para depois da temporada.

(DC, 04/11/2012)

Pedalando
Locação de bikes

O Floribike é um sistema de aluguéis de bicicletas para o Centro da Florianópolis. Três empresas foram credenciadas a participar da concorrência pública. Segundo o Ipuf, a licitação deve sair este ano. Veja ao lado a simulação de como seria o sistema.

(DC, 04/11/2012)

Pedalando
Homenagem póstuma

Bicicleta Fantasma (ou Ghost Bike) é uma bicicleta pintada de branco afixada nos locais de acidentes onde ciclistas morreram no trânsito. É instalada por amigos, familiares ou cidadãos solidários. O movimento iniciou em Saint Louis, nos Estados Unidos, em 2003. Esta da foto está na SC-401, Norte da Ilha.

(DC, 04/11/2012)

Pedalando
Pressão pública

A ciclovia da Rua Osni Ortiga, em Florianópolis, é exemplo da força da pressão pública. O projeto foi proposto em um diálogo com os moradores da Lagoa da Conceição. A Secretaria de Obras abriu a licitação no primeiro semestre, deu a ordem de serviço, mas a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) só concedeu a licença ambiental em outubro. A promessa da secretaria é começar a obra nesta semana.

(DC, 04/11/2012)