16 ago Papo cabeça com Marius Bagnati, presidente da Comcap
“Comcap vai continuar prestando serviços de excelência”, diz o presidente da empresa, pioneira no Brasil em programa de seleta coletiva.
Antônio Marius Zuccarelli Bagnati, ou simplesmente Marius Bagnati, como ele é conhecido, preside a Comcap pela terceira vez. Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Bagnati tem conduzido a empresa pública responsável pela coleta de resíduos em Florianópolis com a preocupação de modernizá-la e, sobretudo, voltada a difundir uma nova consciência coletiva sobre meio ambiente.
DE MODO GERAL, A CONSCIÊNCIA DAS PESSOAS TEM MELHORADO EM RELAÇÃO À RECICLAGEM (SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS)?
Florianópolis foi a primeira capital brasileira a implantar um programa de coleta seletiva, isso lá nos anos 80. Em 1986 e 1987, quando íamos às comunidades para implantar o programa e apresentar um novo entendimento em relação aos resíduos, muitas vezes fomos corridos. Tínhamos dificuldade de que as pessoas entendessem a necessidade da separação, visando uma melhoria na qualidade de vida e do ambiente. Felizmente a situação hoje é outra, temos verificado um
crescimento geométrico no volume dos resíduos que são separados e recuperados do lixo comum. Para dar um exemplo, o que se coleta hoje durante um mês é o equivalente ao que se coletava durante um ano há cerca de seis anos.
QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES QUE A COMCAP ENFRENTA NA ATUALIDADE COM RELAÇÃO À COLETA E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS?
O maior problema no meu entendimento está no escoamento dos materiais que são recuperados através da coleta seletiva. Uma vez que as indústrias de reaproveitamento desses materiais estão principalmente fora do nosso Estado, ocasionando um aumento no custo do transporte e muitas vezes inviabilizando a sua comercialização.
COMO SÃO RECEBIDOS OS PROGRAMAS EDUCACIONAIS EM ANDAMENTO?
Temos um programa maravilhoso com as crianças e adolescentes no circuito seguro do lixo, que inclui o Museu do Lixo, no nosso centro de transferência no Itacorubi. Recebemos ali cerca de 7 mil pessoas ao ano, que são orientadas sobre a necessidade da separação dos resíduos e elas passam a ser agentes multiplicadores da mensagem de, primeiro, reduzir a produção de lixo, segundo, de reaproveitar os materiais e, terceiro, de encaminhá-los à reciclagem.
HÁ POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DE UM CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL PARA RESOLVER A QUESTÃO DOS RESÍDUOS EM CONJUNTO?
Não podemos mais pensar numa solução para o destino final do lixo sem a formação de um consórcio intermunicipal. Existe, sim, esta possibilidade e tem havido um grande esforço do prefeito Dário Berger, juntamente com o secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, deputado Renato Hinnig, neste sentido. Espero que o consórcio possa ser uma realidade na próxima administração.
QUAL A SUA EXPECTATIVA EM RELAÇÃO À FUTURA ADMINISTRAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS QUANTO À QUESTÃO DOS RESÍDUOS?
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos trouxe um grande desafio e uma grande oportunidade para as administrações municipais. Estabeleceu diretrizes, princípios e metas a serem cumpridas pela cadeia de geração de resíduos, visando o gerenciamento ambientalmente adequado e integrado dos resíduos sólidos. Incorpora a visão de uma sociedade sustentável e durável, de forma a garantir a qualidade de vida de hoje para as gerações futuras. As metas são ambiciosas e os prazos curtos. Para isto, espero que possamos avançar na modernização do sistema de coleta, na diminuição do volume de resíduos que são destinados ao aterro e que a Comcap possa continuar a prestar um serviço de excelência aos moradores e visitantes da cidade de Florianópolis.
(Comcap, 13/08/2012)